sábado, 26 de novembro de 2011

DICAS DE FILMES ADULTOS




A CARNE É FRACA (Denise Gonçalves). Documentário produzido pelo Instituto Nina Rosa sobre os impactos que o ato de comer carne representa para a saúde humana, para os animais e para o meio-ambiente. O filme mostra aspectos da indústria da carne de aves e de gado que normalmente não são divulgados. Além disso, conta com depoimentos de técnicos ambientais, médicos, pediatras, jornalistas, sociólogos e veterinários. O documentário tem a proposta de ser um divisor de águas para o consumidor brasileiro.

A CASA DOS MORTOS (Débora Diniz). Documentário de Débora Diniz sobre a morte em vida dos que estão abandonados e esquecidos em manicômios judiciários. Mortos fisicamente pelas condições desumanas a que são submetidos. Defuntos sociais, quando conseguem sobreviver lá dentro mas perdem qualquer vínculo com o mundo exterior. O filme mostra a triste realidade dos hospitais-presídios, instituições híbridas que sentenciam a loucura à prisão perpétua. Considerados perigosos para a vida social e sem nenhuma perspectiva de recuperação, principalmente por falta de apoio do Estado, da família e da sociedade, os internos têm como destino a tragédia do suicídio, o ciclo vicioso e interminável de internações ou a sobrevivência em prisão perpétua. São seres humanos que necessitam de cuidados e que nos mostram o fracasso do Estado e da Sociedade em atendê-los, recuperá-los e ressocializá-los.

A CORRENTE DO BEM (Mimi Leder). Apenas imagine: você faz um favor que realmente ajuda alguém e diz para ele ou ela não pagar de volta, mas passar adiante para três pessoas que, em troca, devem pagar para mais três, sem parar nunca a abundância global de generosidade e decência. Impossível? O estudante ginasial Trevor McKinney, interpretado por Haley Joel Osment, está disposto a provar que isso é possível e inicia uma reação em cadeia de bondade para o seu projeto de Estudos Sociais.

A HISTÓRIA DAS COISAS (Louis Fox). Você já se perguntou de onde vêm e para onde vão as coisas que consumimos? Até quando vai existir matéria-prima? “A História das Coisas” é um documentário curto sobre o processo de exploração dos recursos naturais, passando pela manufatura, a compra e o descarte, até chegar ao lixão. Trata-se de um documentário inovador, que utiliza uma linguagem simples e elementos de animação para exemplificar o processo de destruição do nosso planeta. Critica nossos hábitos consumistas e alerta sobre a necessidade de transformar o processo de produção de linear para circular (sustentável).

A HISTÓRIA DE UM MASSACRE (Roger Spottiswoode). Ruanda é um pequeno país da África Central. Por muitos anos, seus 10 milhões de habitantes se enxergaram como um só povo. Em 1916, a Bélgica colonizou Ruanda, implantando um sistema de carteiras de identidade separando a maioria Hutus da minoria Tutsis. Foram dadas aos Tutsis preferências na educação, trabalho e poder. Em 1959, quando Ruanda ganhou sua independência, os Hutus se rebelaram e tomaram o governo, deportando e matando os Tutsis. Em 1990, uma rebelião multi-étnica comandada pelos Tutsis invadiu Ruanda. As tropas francesas intervieram. A invasão acabou quando ambas as partes assinaram um Tratado de Paz em 1993. Um Tratado em que a ONU foi enviada para preservá-lo. O filme conta o testemunho do general canadense Roméo Dallaire, enviado da ONU para comandar a missão de preservação da paz em Ruanda, que não deveria tomar partido, mas apenas garantir que as negociações entre os partidos políticos de Ruanda se dessem em clima de paz. Entretanto, o que ocorreu foi um conflito étnico que se transformou em um dos maiores genocídios da história. O mundo virou as costas para Ruanda e as Forças de Paz da ONU receberam ordem para deixar o país. O general Dallaire, entretanto, sensibilizado pelo sofrimento da população, apelou para a desobediência e decidiu permanecer em Ruanda. Juntamente com uma equipe de 454 voluntários, integrantes das Forças de Paz da ONU, pacificadores de mais de 20 nações, ajudou a salvar 32 mil ruandeses que seriam assassinados na guerra. Roméo Dallaire foi nomeado para o Senado canadense em 2005 e hoje trabalha incansavelmente contra o uso de crianças como soldados e pela prevenção de genocídios.

A LISTA DE SCHINDLER (Steven Spielberg). Conta a história real e emocionante do empresário alemão Oskar Schindler, membro do partido nazista e bom vivant que lucrava com a guerra, mas que, num gesto humanitário de extrema ousadia, salvou a vida de 1.100 judeus, ao mesmo tempo em que contava com o apoio dos nazistas. Aparentando desinteresse pela política e fingindo explorar o baixo custo da mão-de-obra judia, o que Schindler fazia era arregimentar judeus para sua empresa, que de outra forma morreriam nos campos de concentração. É o triunfo de um homem que fez a diferença e o drama daqueles que sobreviveram a um dos mais negros capítulos da história da humanidade graças ao que ele fez.

A ONDA (Alex Grasshoff). Filme de 1981 que conta uma história baseada em uma experiência real feita numa escola de ensino médio em Palo Alto, Califórnia/EUA, em abril de 1967. O filme tem início com o professor de História Burt Ross explicando aos seus alunos a atmosfera da Alemanha em 1930, a ascensão e o genocídio praticado pelos nazistas. Questionado sobre como o povo alemão permitiu que tal absurdo acontecesse, o professor inicia uma arriscada experiência pedagógica que consiste em reproduzir na sala de aula alguns clichês do nazismo: usariam o slogan “Poder, Disciplina e Superioridade”, bem como um símbolo gráfico para representar “A Onda”. O professor Ross se declara o líder do movimento “A Onda”, exorta a disciplina e faz valer o poder superior do grupo sobre os indivíduos. A individualidade, característica da democracia, é considerada como uma desvantagem, valorizando-se, assim, a comunidade acima de qualquer coisa ou pessoa. Os estudantes o obedecem cegamente e a escola inteira é envolvida no fanatismo desse movimento, até que um casal de alunos mais consciente alerta ao professor que a experiência perdeu o controle e passou a afetar a realidade cotidiana da escola. Trata-se de um excelente filme sobre o irracionalismo de certos grupos e o poder doutrinário de movimentos ideológicos, políticos ou religiosos. O uso de slogans, palavras de ordem e a adoração a um suposto “grande líder” se repetem na história da humanidade, arregimentando jovens desavisados para lutas ideológicas, fundamentalistas e terroristas, e mostrando que o fascismo ainda não desapareceu de nosso mundo. Aos educadores, é imprescindível trabalhar junto com os alunos, desde cedo, a ética da tolerância, do respeito à diversidade cultural e da valorização das diferenças.

A ONDA (Dennis Gansel). Filme de 2008, sendo uma adaptação do clássico de 1981. Rainer Wegner, professor de ensino médio, deve ensinar seus alunos sobre autocracia. Devido ao desinteresse deles, propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder. Wegner se denomina o líder daquele grupo, escolhe o lema “força pela disciplina” e dá ao movimento o nome de A Onda. Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. Quando o jogo fica sério e se transforma em violência, Wegner decide interrompê-lo. Mas é tarde demais, e A Onda já saiu de seu controle.

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS (John Stephenson). Numa alegoria à corrupção do poder na União Soviética comandada por seu líder, Josef Stalin, o escritor George Orwell escreveu “A Revolução dos Bichos”. Considerada um best seller, a obra narra a história do fazendeiro Jones, um homem beberrão e cruel que explora seus animais. Revoltados com seu proprietário, eles se organizam e o expulsam do seu lar. De posse da terra, os bichos passam a controlar o lugar, decretando uma série de novas regras. Mas na busca de uma sociedade ideal se vêem traídos pela opressiva atuação dos novos dirigentes.

A TROCA (Clint Eastwood). Baseado em uma história real, o filme conta a história de Christine Collins, uma mãe solteira extremamente dedicada que, num dia de 1928, se depara com o misterioso desaparecimento do seu filho Walter, de 9 anos. Após meses de buscas intensas, finalmente a polícia encontra o garoto. Mas quando Christine se encontra com a criança, imediatamente percebe que o menino que a polícia lhe apresenta não é o seu filho. A partir de então, ela luta para convencer a polícia a continuar as buscas, enfrentando a truculência e a corrupção policial e tornando-se uma heroína para a sociedade da época.

A VIDA É BELA (Roberto Benigni). Na Itália dos anos 40, Guido é levado para um campo de concentração nazista e tem que usar sua imaginação para fazer seu pequeno filho acreditar que estão participando de uma grande brincadeira, com o intuito de protegê-lo do terror e da violência que os cercam. Ambientada na dura realidade da Segunda Guerra Mundial, é uma comovente fábula Chapliniana de amor e fantasia, que conta a história de um homem que usou a imaginação e seu infatigável espírito para salvar aqueles a quem mais amava.

ACUSADOS (Jonathan Kaplan). Foi um dos primeiros grandes filmes de Hollywood a tratar do estupro de uma maneira tão forte e séria. Uma mulher de classe baixa e de má reputação, uma noite num bar é estuprada por vários homens bêbados. Uma promotora fica com o caso e passa a lutar para descobrir e condenar os culpados pelo crime. O julgamento segue, e a promotora consegue provar que, independentemente do fato de que a vítima estava flertando com os acusados, eles deveriam ser condenados. De acordo com os créditos finais do filme, datado de 1988, “nos EUA, um estupro acontece a cada seis minutos. De quatro vítimas, uma é atacada por duas ou mais pessoas”.

AGOSTO NEGRO (Samm Styles). Conta a história real da curta vida do ativista negro estadunidense George Lester Jackson (1941 – 1971). Com apenas 18, ele foi preso por roubar 71 dólares de um posto de gasolina. Vivia-se o clima de guerra racial nos Estados Unidos. Na prisão, George Jackson estudou economia política e teoria radical e tornou-se militante dos “Panteras Negras”, uma gang prisional com objetivos políticos, que pretendia erradicar o racismo e derrubar o sistema capitalista. Por ter se envolvido no assassinato de um guarda da prisão, Jackson foi acusado por mais esse crime e via suas chances de sair da cadeia cada vez mais distantes. Ficou famoso graças a dois best sellers que escreveu na prisão (Soledad Brother e Blood in My Eye), onde, influenciado por idéias comunistas, pregava que o fim do racismo e da exploração capitalista só se daria por meio de uma revolução violenta. Seu irmão mais novo, Jonathan, tornou-se também militante do partido dos Panteras Negras e, com apenas 17 anos, chocou o país ao fazer refém toda uma corte de justiça na Califórnia, pedindo a libertação de Jackson. Três dias antes de ir a julgamento, Jackson foi morto no pátio da prisão por tentativa de fuga. De acordo com seus desejos manifestados em vida, no dia do seu funeral os seus camaradas honraram-no com armas, não com flores. George Jackson é recordado como um intelectual, um revolucionário e um nacionalista negro ainda hoje. A análise de sua história nos leva, inevitavelmente, a comparar suas idéias de revolução violenta com as idéias de Martin Luther King, que, por sua vez, também lutou contra o racismo nos Estados Unidos, pregando, porém, o uso da não-violência ativa. Sobre Luther King, Jackson escreveu que o admirava como homem, mas que discordava dele como líder do pensamento negro, pois, ao seu ver, o pacifismo era um falso ideal, porque pressupõe a existência da compaixão e do sentido de justiça por parte do adversário. Agosto Negro é um ótimo filme para instigar essa discussão sobre os métodos e caminhos da transformação social.

AMAZÔNIA – De Galvez a Chico Mendes (Marcos Schechtman). Box com 7 DVDs contendo a minissérie da autora Glória Perez exibida em 2006 pela TV Globo. Retrata a história do Acre com seus conflitos e personagens ao longo de 100 anos. A minissérie começa no período áureo da borracha (1899), quando, em plena revolução industrial, apenas a região amazônica produzia borracha no mundo, despertando o interesse e a cobiça de outros países.

AMOR SEM FRONTEIRAS (Martin Campbell). O filme é dedicado aos trabalhadores humanitários e às milhões de vítimas da guerra e da perseguição em todo o mundo. Mostra o choque entre uma badalada vida em Londres e a dura realidade da pobreza e da fome em diversos lugares do mundo. Ao comparecer a um evento para angariar fundos, uma ingênua socialite americana, Sarah Jordan, que é casada e vive na Inglaterra, testemunha uma inflamado manifesto feito por um intruso, o renegado humanitário Dr. Nick Calahan. Seu apelo em favor de crianças miseráveis sob seus cuidados transtorna Sarah completamente. Atraída por Nick e sua causa, ela impulsivamente abandona sua vida protegida na Inglaterra e junta-se a ele em sua luta para ajudar os campos de refugiados. À medida que o trabalho leva Sarah a áreas instáveis, nas quais poucas pessoas se aventuraram e quase nenhuma sobreviveu, ela descobre que a cruel realidade em que se envolveu – e sua crescente atração pelo carismático e imprevisível doutor – deflagra nela uma paixão por salvar vidas, mesmo pondo em risco a sua própria.

ANJOS DO SOL (Rudi Lagemann). O filme denuncia uma triste realidade no Brasil: a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes. Anjos do Sol conta a saga da menina Maria, de doze anos, que no verão de 2002 é vendida pela família, que vive no interior do nordeste brasileiro, a um recrutador de prostitutas, imaginando que a garota estaria indo viver em um lugar melhor. Depois de ser comprada em um leilão de meninas virgens, Maria é enviada para um prostíbulo localizado numa pequena cidade, vizinha a um garimpo, na floresta amazônica. Após meses sofrendo abusos, Maria consegue fugir e atravessa o Brasil na carona de caminhões. Ao chegar ao seu novo destino, o Rio de Janeiro, a prostituição se coloca novamente no seu caminho e suas atitudes, frente aos novos desafios, se tornam inesperadas e surpreendentes.

ANNA E O REI (Andy Tennant). Baseado em uma história real, registrada nos diários de Anna Leonowens, o filme conta uma história que se passa em 1860, no Sião. Anna é uma inglesa viúva que aceita trabalhar como professora dos filhos do rei do Sião, Mongkut. Quando ela chega a Bangcoc, o choque cultural é imediato. Divergências, choque de culturas e até o início de um romance marcam o relacionamento entre Anna e Mongkut. Aos poucos ela obtém o respeito do rei e se torna sua confidente e conselheira diplomática. É um filme que mostra que não-violência encontra na figura da mulher sua expressão mais forte e bela.

AO MESTRE, COM CARINHO (James Clavell). Um jovem professor enfrenta alunos indisciplinados e desordeiros, neste filme clássico que refletiu alguns dos problemas e medos dos adolescentes dos anos 60. Mark Thackeray, um engenheiro desempregado, resolve dar aulas em Londres, no bairro operário de East End. A classe, liderada por Denham, Pamela e Barbara, estão determinados a destruir Thackeray como fizeram com seu predecessor, ao quebrar-lhe o espírito. Mas Thackeray, acostumado a hostilidades, enfrenta o desafio tratando os alunos como jovens adultos que breve estarão se sustentando por conta própria. Quando recebe um convite para voltar à engenharia, Thackeray deve decidir se pretende continuar ou não com seu trabalho de educação.

AO MESTRE, COM CARINHO 2 (Peter Bogdanovich). Depois de lecionar durante 30 anos em Londres, o professor Mark Thackeray se aposenta e volta para Chicago, onde busca por um amor perdido do passado, bem como inicia uma nova jornada de luta pela educação de jovens tidos como irrecuperáveis. Longe de parar por conta da idade e da aposentadoria, o professor Thackeray deseja continuar seu trabalho de educação em uma pequena escola em um bairro pobre da cidade. Seu desafio maior, dessa vez, é ensinar a não-violência a jovens rebeldes que vivem em situações de marginalidade e de exclusão social.

AS TORRES GÊMEAS (Oliver Stone). O filme conta a história real de John McLoughlin e Will Jimeno, dois policiais de Nova York que ficam soterrados nas ruínas do 11 de setembro de 2001. Enquanto McLoughlin e Jimeno se apóiam um ao outro, numa luta para sobreviver, os acontecimentos de um inimaginável dia se desenvolvem através dos olhos dos dois, de suas carinhosas esposas, de sobreviventes e salvadores por toda a cidade. Mais do que a história de um atentado terrorista, o filme mostra a história da fraternidade e da solidariedade que brotam em situações dramáticas.

ASOKA (Santosh Sivan). Grandiosa produção sobre a vida do imperador indiano Asoka, que assumiu o trono no século III a. C. Para expandir o seu império, Asoka deu início a uma das batalhas mais sangrentas da história da Índia, matando milhares de pessoas. Venceu várias guerras, mas ganhou apenas as lágrimas das viúvas, os choros dos órfãos e corpos cremados. Após perceber o seu erro, renunciou ao trono como forma de redimir-se de sua ambição e crueldade, iniciando uma jornada de amor, paz e não-violência.

ATAQUE TERRORISTA (Jag Mundhra). Nascido no Paquistão, muçulmano e casado com uma mulher de origem inglesa, o inspetor da Scotland Yard, Tariq Ali, é escalado para investigar um assassinato ocorrido no metrô de Londres, onde policiais mataram a tiros um muçulmano suspeito de ser terrorista. Depois que é descoberta a inocência da vítima, Tariq começa a sentir na pele o preconceito. Os policiais de sua corporação o discriminam por sua origem e a comunidade muçulmana, por sua vez, passa a vê-lo como traidor. Resta ao investigador tentar controlar esses grandes obstáculos para encontrar a verdade. O filme é um poderoso suspense político sobre o terrorismo, um assunto tão presente em tempos de conflitos sociais e políticos. Aborda, ainda, sob vários ângulos, a questão do preconceito racial e religioso.

BAGDAD CAFÉ (Percy Adlon). Depois de brigar com seu marido e abandoná-lo na estrada, a turista alemã Jasmin caminha sozinha pelo deserto do Arizona até chegar ao posto-motel Bagdad Café. Recebida com aspereza por Brenda, a dona do local que acabou de colocar o marido para fora de casa, Jasmin aos poucos vai conquistando a simpatia dos clientes e hóspedes. Com o tempo, apesar das diferentes personalidades, Jasmin e Brenda tornam-se boas amigas e transforam o Bagdad Café num lugar mágico, onde cada um pode ser feliz, à sua maneira. E o que se segue é uma extraordinária lição de vida e um belíssimo exemplo de como o ser, ao se deparar com o preconceito e a exclusão sócio-cultural, pode gradativamente transformar essa realidade em tolerância, tornando possível uma convivência harmoniosa e feliz, apesar das diferenças.

CHE (Steven Soderbergh). Dividido em duas partes, o filme mostra a história do revolucionário Ernesto Che Guevara. A primeira parte (O Argentino), mostra o período em que Che Guevara foi apresentado a Fidel Castro até a época em que conseguiram tomar o poder em Cuba. A segunda parte (A Guerrilha), mostra a fase em que Che Guevara deixa Cuba com o ideal de expandir a revolução para outros países latino-americanos e libertá-los do imperialismo americano, ideal este que acaba levando-o à morte na Bolívia. Ótimo filme para fomentar a discussão sobre o uso da violência como instrumento político de libertação.

CHICO XAVIER (Daniel Filho). Uma adaptação para o cinema que descreve a trajetória do médium que viveu 92 anos desta vida terrena desenvolvendo importante atividade mediúnica e filantrópica. Fechava os olhos e colocava no papel poemas, crônicas e mensagens. Seus mais de 400 livros psicografados consolaram os vivos, pregaram a paz e estimularam a caridade. Para os admiradores mais fervorosos, foi um santo. Para os descrentes, no mínimo, um personagem intrigante.

CORINA, UMA BABÁ PERFEITA (Jessie Nelson). 1959. Manny Singer, um compositor de jingles de uma agência de propaganda, fica viúvo e tem que cuidar sozinho de Molly, sua filha de sete anos. Ele precisa desesperadamente de uma babá e, dessa forma, entrevista várias candidatas, mas rejeita todas até encontrar Corina Washington, uma recém-formada que não consegue arrumar emprego por ser negra. A primeira grande tarefa de Corina é se comunicar com Molly, que decidiu parar de falar desde a morte da mãe. Além disto, Manny parece estar confuso na maioria do tempo, o que o faz fumar em demasia. Corina também fuma e isto faz os adultos terem uma cumplicidade por este hábito, o que deixa Molly apavorada, por ver sempre na televisão depoimentos sobre os perigos do fumo. Gradativamente, Corina ganha a confiança da menina e logo ela está falando novamente. Corina fica para o jantar em várias ocasiões e Manny se surpreende com sua capacidade intelectual e sensibilidade. Molly secretamente deseja que Corina se case com seu pai e fique morando na casa o tempo todo, apesar da irmã de Corina, a mãe de Manny e uma vizinha curiosa desaprovarem um romance inter-racial. O filme aborda temas como discriminação racial e social, morte, separação, vícios, religião, amor, companheirismo e romance.

CRASH: NO LIMITE (Paul Haggis). O filme retrata diversas situações que envolvem as complexas questões raciais na América contemporânea. Ao mergulhar de cabeça nas confusões ideológicas nascidas no pós 11 de Setembro em Los Angeles, este drama urbano desenha as inconstantes intersecções entre personagens pertencentes a diferentes etnias, que lutam para superar seus medos enquanto suas vidas se cruzam. Uma dona-de-casa e seu marido, um promotor público; uma lojista de origem árabe; dois detetives da polícia; um diretor de televisão afro-americano e sua esposa; dois policiais; um chaveiro mexicano; dois ladrões de carro; um casal coreano de meia idade. Todos vêem suas vidas colidindo após uma série de eventos inevitáveis, no período de 36 horas, com conseqüências surpreendentes. É um filme que proporciona uma boa reflexão sobre a multiplicidade e a complexidade de violações aos direitos da pessoa, mostrando que não há “outro lado”, pois são todos cidadãos e seres humanos que estão, de variadas formas, envolvidos ou implicados.

CRIANÇA, A ALMA DO NEGÓCIO (Estela Renner). Pode parecer brincadeira, mas as crianças hoje em dia conhecem mais as marcas de salgadinhos do que os nomes de frutas e legumes. É o que mostra este documentário, que promove uma reflexão sobre como a sociedade de consumo e as mídias de massa impactam na formação de crianças e adolescentes. O filme mostra como a infância de nossas crianças está sendo sabotada pelo excesso de publicidade dirigido à elas, e que a maioria dos pais ou não percebe, ou não sabe como agir perante tal quadro. Revela que a publicidade dirigida à criança é covarde, ilegal e imoral. Reflete que, no Brasil, a criança se tornou a alma do negócio para a publicidade.

DOMINGO SANGRENTO (Paul Greengrass). O filme é baseado num fato real: um famoso domingo, na década de 70, quando os militares ingleses mataram 13 pessoas e deixaram outros 14 feridos numa manifestação pela independência da Irlanda do Norte e pelos direitos humanos. O filme mostra como o parlamentar Ivan Cooper mobilizou uma cidade para uma marcha que deveria ser pacífica e, paralelo a isso, mostra a articulação dos militares ingleses contra tal manifestação. O histórico acontecimento também acabou por estimular muitos jovens a se unirem ao Exército Republicano Irlandês - IRA e por fomentar um ciclo de 25 anos de violência. O filme se concentra, em particular, nas histórias de quatro homens: Ivan Cooper, um líder idealista dos Direitos Civis, protestante em campo católico que compartilha com Martin Luther King o sonho de uma mudança pacífica; Gerry Donaghy, um rebelde católico de 17 anos determinado a começar uma outra vida ao lado da namorada protestante, mas que acaba envolvido no confronto violento com os soldados; o brigadeiro Patrick MacLellan, comandante do exército britânico em Londonderry, que se vê pressionado a tomar medidas enérgicas para deter a marcha; e um jovem recruta, operador de rádio, que recebe a ordem de, junto com a sua unidade de veteranos implacáveis, invadir Bogside. “Domingo Sangrento” é um filme de guerra sobre a luta pela paz.

DORMINDO COM O INIMIGO (Joseph Ruben). Em um casamento que já dura quatro anos, Sara e Martin personalizam o par mais perfeito, feliz e próspero, mas, na realidade, na intimidade do lar, o marido é misógino e exerce domínio de sua mulher através de agressões psicológicas e físicas, cerceando sua liberdade. Assim, para escapar da tortura diária, ela simula sua própria morte e foge para uma outra cidade, a fim de recomeçar sua vida com uma nova identidade. Após algum tempo, ela se apaixona, mas seu marido descobre indícios de que ela pode estar viva e decide encontrá-la de qualquer maneira.

DOUTORES DA ALEGRIA (Mara Mourão). É um filme sensível e bem-humorado, que resgata a importância da figura do palhaço, um ser irreverente, sábio e generoso, capaz de provocar verdadeiras transformações com sua capacidade de olhar a vida por novos ângulos. Sempre apontando o ridículo da situação nele mesmo, o palhaço torna-se a figura ideal para remexer baús empoeirados, chacoalhar estruturas, arejar nossas mentes. O filme retrata o trabalho de um grupo de artistas que trabalham com crianças hospitalizadas e vai além, convidando-nos a pensar sobre o papel da arte em nossas vidas. Além de ter sido considerado pela UNESCO uma obra que promove a Cultura de Paz, o filme recebeu vários prêmios no Brasil e no exterior. É muito mais que um filme; é uma lição de vida!

ENTRE OS MUROS DA PRISÃO (Christian Faure). O filme conta a história real de Yves Treguier, um órfão de 14 anos na França dos anos 30 que já passou por várias casas de correção durante a infância. Assim que ele se vê em uma dessas “escolas”, prédios austeros cercados por altos muros, Yves, o rei da fuga e terno sonhador, tem apenas uma idéia em sua mente: fugir para o porto e pegar um navio para Nova York. O filme aborda o descaso com que eram tratados os órfãos da Primeira Guerra Mundial. Sem qualquer tipo de proteção e tidos como criminosos em potencial, o Estado os mandava para escolas que mais se assemelhavam a prisões, onde eram tratados como lixo humano. Dessa forma, a sociedade brutalizava os filhos daqueles que ela enviou para o extermínio na guerra. O filme deixa a mensagem de que crianças não nascem criminosas e, se têm algum problema, precisam de assistência e proteção, não de uma colônia penal. Os Centros de Educação Vigiada representados no filme só foram definitivamente fechados em 1979. Yves Treguier se tornou escritor com o pseudônimo Auguste Le Breton.

ESCRITORES DA LIBERDADE (Richard LaGravenese). O filme é baseado no livro de mesmo nome e conta a história real do trabalho realizado pela professora de ensino médio Erin Gruwell junto a seus alunos. Designada para ministrar aulas de inglês, literatura e redação para uma turma de alunos pobres, a novata e idealista professora depara-se com estudantes revoltados e sem nenhuma esperança na vida, que têm que lidar com a violência e o preconceito racial nas ruas e na escola. Em situações completamente adversas, a professora consegue conquistar os alunos utilizando o poder do amor e um método de ensino que parte da realidade dos educandos. Pela primeira vez, eles vislumbram um raio de esperança e têm a chance de mostrar ao mundo que podem ser heróis e que têm algo a dizer.

EU, CHRISTIANE F., 13 ANOS, DROGADA E PROSTITUÍDA (Uli Edel). Esse famoso filme alemão da década de 80, retrata a história real de uma linda adolescente de Berlin. Christiane mora com sua mãe e sua irmã menor em um típico apartamento da cidade. Curiosa para conhecer a "Sound", uma nova e moderna discoteca, ela dá um jeito de entrar no lugar, apesar de ser menor de idade. Lá ela conhece o jovem Detlev e se aproxima do terrível mundo das drogas. Primeiro é o álcool, depois a maconha e, assim, passa a usar vários tipos de drogas, como LSD e heroína, mergulhando profundamente no submundo do vício e da prostituição. Um filme de cenas fortes e muito reais que nos transmitem os horrores do mundo do vício entre os jovens.

FAVELA RISING (Matt Mochary / Jeff Zimbalist). É um documentário sobre uma das organizações sociais mais importantes do Brasil, o AfroReggae, que usa a música e a cultura como instrumento de mudança e de combate à violência. O filme mostra a história de Anderson Sá, um morador jovem da violenta favela de Vigário Geral, no Rio de Janeiro. Cansado do descaso das autoridades e do desprezo gerado pelas classes abastadas, além da violência tanto dos policiais quanto dos narcotraficantes que o cercam, ele decide organizar o movimento chamado AfroReggae, com o objetivo de resgatar a dignidade e combater a injustiça social no local. Com sua ideologia e caráter, contribui, assim, para muitas melhorias na comunidade carente da favela. O filme é um documentário feito em parceria entre Brasil e Estados Unidos, que mostra a força de uma organização social definida e corajosa.

FELIZ NATAL (Christian Carion). O filme conta a verdadeira história da trégua de véspera de Natal declarada pelas tropas escocesas, francesas e alemãs nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial. Os inimigos deixaram suas armas por uma noite, se juntaram em fraternidade e esqueceram as brutalidades da guerra. A guerra parecia não ter mais chance ali.

FILADÉLFIA (Jonathan Demme). O filme conta a história de Andrew Hackett, um promissor advogado que trabalha para um tradicional escritório da Filadélfia, tendo sido despedido quando descobrem ser ele portador do vírus da AIDS e homossexual. Ele contrata os serviços de um advogado negro, que é forçado a encarar seus próprios medos e preconceitos. O filme aborda o estigma relacionado à AIDS e revela as dificuldades que as minorias enfrentam para garantir os seus direitos básicos.

GANDHI (Richard Attenborough). Uma fascinante biografia sobre o homem que subiu de simples advogado a símbolo mundial de paz e tolerância. Uma obra-prima imprescindível, o filme traz uma história intrigante sobre ativismo, política, tolerância religiosa e liberdade. Mas no centro de tudo isso, está um homem extraordinário que lutou por uma existência pacífica e libertou uma nação.

GUERREIRO DA PAZ - GREY OWL (Richard Attenborough). Baseado em fatos reais, o filme conta a história de Archibald Belaney ou Archie Grey Owl, um jovem inglês que sempre sonhou em viver na floresta. Aos dezessete anos, ele se muda para o Canadá e é adotado pelo cacique de uma tribo. Grey Owl passa a viver como um nativo, escondendo a sua verdadeira origem. Sua vida muda radicalmente quando ele se apaixona por Pony, uma índia que o incentiva a aproveitar seus conhecimentos e divulgar suas idéias escrevendo. Em suas publicações, Grey Owl aborda temas ambientalistas de uma forma popular, sempre alertando o mundo para a importância da preservação da natureza e dos animais. Foi um pioneiro na defesa do meio ambiente, vez que, na época, poucos tinham essa preocupação. Foi assim que, em 1930, Owl desafiou os poderosos ao denunciar a destruição das selvas, despertando o mundo para esta causa.

Hotel Ruanda (Terry George). Em Ruanda, no ano de 1994, um conflito político levou à morte quase um milhão de ruandeses, em apenas cem dias. O mundo fechou os olhos para Ruanda. Mas um homem abriu seus braços e coração e fez a diferença. Paul Rusesabagina era gerente do Hotel Milles Collines, em Kigali, capital de Ruanda, quando o conflito começou. Munido apenas da sua coragem, ele protegeu quem chegava ao hotel, adultos e crianças. O filme conta a história real de Paul para contar a história de Ruanda, como um alerta ao mundo.

IRMÃO SOL, IRMÃ LUA (Franco Zeffirelli). Trata-se de um clássico do cinema que conta a história de São Francisco de Assis (1182-1226) e Santa Clara (1194-1253). O filme enfoca os primeiros anos de vida de Francisco, um mimado filho de aristocratas que parte para a guerra animado e volta completamente transformado. Ele então renuncia as riquezas da família e procura na comunhão com a natureza traçar seu próprio destino, livre do apego aos bens materiais. É, sem dúvida, um dos maiores exemplos de paz para a humanidade.

JEAN CHARLES (Henrique Goldman). Baseado em fatos reais, o filme conta a trágica história de Jean Charles de Menezes, o brasileiro assassinado pela polícia britânica em 2005, num metrô de Londres. Diante de um alerta terrorista, os policiais confundiram Jean Charles e dispararam mortalmente contra ele, o que gerou uma polêmica internacional e comoção no Brasil. O filme aborda a delicada situação de luta contra o terrorismo que, muitas vezes, serve para justificar uma polícia que transforma cidadãos inocentes em suspeitos, alimentando medos e fomentando o racismo.

KUNDUN (Martin Scorsese). O filme conta a história do décimo quarto Dalai Lama, monge budista e líder espiritual e político do Tibet. Ele é tido como a reencarnação do décimo terceiro Dalai Lama, que foi encontrado pelos monges budistas após várias buscas. Com o amor e a sabedoria de sua religião, enfrentou a invasão comunista chinesa, utilizando a não-violência. Perseguido pelo exército chinês, teve que fugir para a Índia, onde instalou um governo em exílio e onde vive até hoje, lutando de forma pacífica e exemplar por um Tibet livre. Tornou-se conhecido mundialmente, pregando uma mensagem de amor, paz e não-violência. Foi prêmio Nobel da Paz em 1989.

LARANJA MECÂNICA (Stanley Kubrick). Um clássico do cinema que nos traz um conto sobre a violência, os caminhos da moralidade e as formas de reeducação social. A história se passa em uma Inglaterra futurista, onde o alucinado Alex e sua gangue buscam diversão e prazer sempre às custas da tragédia dos outros. Preso, ele é usado como cobaia em um experimento que pretende fazer o indivíduo interromper seus impulsos maldosos e violentos, através de drogas e de controle mental.

MADRE TERESA (Fabrizio Costa). Filme sobre a conhecida "santa dos pobres mais pobres". Inês Gonxha Bojaxhiu nasceu em Skopja, capital da atual república da Macedônia. Aos 21 anos, mudando seu nome para Teresa, ingressou em um Convento de Calcutá. Onze anos mais tarde deixaria o mesmo e começaria a trabalhar nos bairros mais pobres da cidade, vindo a fundar, em 1946, a Congregação das Missionárias da Caridade. Ela deu ao mundo um exemplo de amor e paz. Costumava dizer que nunca iria a uma manifestação contra a guerra, mas iria de bom grado para uma a favor da paz.

MÃOS TALENTOSAS – A HISTÓRIA DE BEN CARSON (Thomas Carter). Baseado na vida de um dos mais respeitados neurocirurgiões do mundo, Dr. Ben Carson, o filme conta uma história de superação de dificuldades a partir do apoio de uma devotada mãe. A senhora Carson insistiu para que os filhos tivessem oportunidades que ela não teve. Ajudou-os a expandir a imaginação, a inteligência e a confiança em si mesmos e em Deus, acima de tudo. A sociedade não esperava que uma criança negra, pobre, criada sem a presença do pai e com sérias dificuldades de aprendizagem pudesse se tornar um médico inovador e respeitado. Ele entrou para a história da medicina em 1987, ao conseguir separar gêmeos siameses unidos pela cabeça. Ben Carson superou suas dificuldades com a ajuda de sua mãe e hoje tenta ajudar inúmeras crianças carentes a fazerem o mesmo. É um desses exemplos de vida que merece ser divulgado.

MARIA CHEIA DE GRAÇA (Joshua Marston). Aos 17 anos, Maria Alvarez vive numa pequena localidade ao norte de Bogotá, na Colômbia. Grávida e recentemente demitida, tendo ainda que ajudar financeiramente sua família, ela aceita o trabalho de transportar heroína em seu próprio estômago da Colômbia para Nova York. O filme mostra a triste realidade de uma juventude sem oportunidades e sem esperanças.

MEU NOME NÃO É JOHNNY (Mauro Lima). O filme retrata a história real de João Estrella, um garoto de classe média alta da cidade do Rio de Janeiro que se envolveu com drogas precocemente. No decorrer do filme, o rapaz começa a utilizar drogas mais "pesadas" e acaba se envolvendo com tráfico. Ele tinha tudo, menos limite. Inteligente e simpático, era adorado pelos pais e popular entre os amigos. Com espírito aventureiro e boêmio, mergulhou em todas as loucuras permitidas e também nas não permitidas. No início dos anos 90, se tornou o rei do tráfico de drogas da zona sul do Rio de Janeiro. Investigado pela polícia, foi preso e seu nome chegou às capas dos jornais. Em vez de festas, passou a freqüentar o banco dos réus. Sua história revela sonhos e dramas comuns à toda juventude.

MILK – A voz da Igualdade (Gus Van Sant). Uma cinebiografia de Harvey Milk (1930-1978), político norte-americano que assumiu sua homossexualidade publicamente nos anos 70, sendo o primeiro homossexual assumido a ser eleito a um cargo público nos Estados Unidos. No ano seguinte, Milk foi assassinado por um adversário de carreira política. Deixou um legado político de ativismo em favor dos direitos civis de gays e minorias, sendo um defensor da igualdade e da diversidade. Apesar da sua curta carreira na política, Milk se tornou um ícone em São Francisco e um mártir dos direitos gays.

NAÇÃO FAST FOOD (Richard Linklater). Don Anderson, executivo de marketing de uma cadeia de restaurantes fast food, tem um grande problema: a notícia de que a carne utilizada para preparar os sanduíches da rede é contaminada. Para descobrir a causa do problema, ele terá que percorrer uma longa jornada pelo lado obscuro da alimentação americana. Saindo do cômodo escritório da empresa para percorrer um outro estilo de vida, Don descobrirá uma nação de consumidores que ainda não perceberam que são eles que estão sendo consumidos pela indústria. O filme discute o impacto causado pela carne processada no ambiente e na sociedade, abordando temas como imigração ilegal, trabalho escravo, contaminação dos rios próximos às fazendas e maus tratos aos animais antes do abate. Em um momento do filme, o personagem de Bruce Willis solta: “Todo mundo tem de comer um pouco de cocô na vida”. Ele se refere à mistureba que compõe o hambúrguer industrializado, que, em sua lista de ingredientes, conta com partes dos intestinos dos bois. Segundo uma pesquisa do Departamento de Agricultura dos EUA, 78,6% da carne processada no país é contaminada por micróbios originários das fezes que estavam nos intestinos dos bichos. O filme consegue abordar tudo isso sem pregações a favor do vegetarianismo ou contra as redes de fast food. Apenas deixa claro de que forma esse tipo de alimentação pode causar estragos no meio ambiente.

NASCIDO EM 4 DE JULHO (Oliver Stone). Baseado na história real de Ron Kovic, o filme conta a trajetória de um jovem norte-americano apaixonado por seu país e com muitos sonhos e ideais. Ao deixar a namorada e a família para lutar no Vietnã, ele é ferido e torna-se paraplégico. Chegando aos Estados Unidos, é recebido como herói, mas logo se vê diante de uma sociedade que nutre preconceitos contra seus deficientes físicos e começa a perceber o erro da guerra e a sofrer com as lembranças da mesma. A partir daí, torna-se um defensor da paz.

NASCIDOS EM BORDÉIS (Zana Briski / Ross Kauffman). É um documentário que mostra a vida das crianças do bairro da Luz Vermelha, em Calcutá. O aparente enriquecimento da Índia deixa de lado os menos favorecidos. Nesse contexto, os menos privilegiados são as crianças filhas de prostitutas do bairro mais pobre da cidade, para quem o presente é dramático e o futuro é sombrio. Porém, ainda há esperanças. Os documentaristas Zana Briski e Ross Kauffman procuram essas crianças e, munidos de câmeras fotográficas, pedem para eles fazerem retratos de tudo o que lhes chama a atenção. Os resultados são emocionantes. E enquanto essas crianças vão descobrindo essa nova forma de se expressar, os cineastas lutam para poder dar mais esperança e uma vida melhor para elas. O filme aborda, assim, o lamentável aspecto da violência econômica e aponta possíveis soluções para o problema, buscando salvar crianças através da arte e da educação.

NELSON MANDELA (Bille August). África do Sul, 1968. 20 milhões de negros são governados por uma minoria de 4 milhões de brancos sob o regime do apartheid. Os negros não têm direito a voto, terras, liberdade de ir e vir, nem chances iguais de moradia, emprego ou educação. Determinados a manter o poder, o governo proíbe todas as organizações de oposição e envia seus líderes para o exílio ou para a prisão da Ilha Robben. O filme mostra a história real de Nelson Mandela, no período de 20 anos que ficou preso, contada através das memórias de um guarda de prisão racista que teve sua vida completamente alterada pela convivência com o líder da África do Sul. Ótimo filme para fomentar a discussão sobre o uso da violência como instrumento político de libertação.

NOTÍCIAS DE UMA GUERRA PARTICULAR (João Moreira Salles / Kátia Lund). Documentário que mostra um amplo e contundente retrato da violência no Rio de Janeiro. É possível ver flagrantes do cotidiano das favelas dominadas pelo tráfego de drogas e fazer uma profunda análise da situação através de entrevistas com todos os envolvidos no conflito entre traficantes e policiais - incluindo moradores que vivem no meio do fogo cruzado e especialistas em segurança pública. A realidade da violência é apresentada sem meios-tons e da forma mais abrangente possível, tornando patente o absurdo de uma guerra sem fim e sem vencedores possíveis.

O BICHO DE SETE CABEÇAS (Laís Bodanzky). Baseado em uma história real, o filme narra uma viagem ao inferno manicomial. Esta é a odisséia vivida por Neto, um adolescente de classe média, que leva uma vida normal até o dia em que o pai o interna em um manicômio depois de encontrar um baseado no bolso de seu casaco. O cigarro de maconha é apenas a gota d'água que deflagra a tragédia da família. Neto é um adolescente em busca de emoções e liberdade, que tem suas pequenas rebeldias incompreendidas pelo pai. A falta de entendimento entre os dois leva ao emudecimento na relação dentro de casa e o medo de perder o controle do filho vira o amor do avesso. Internado no manicômio, Neto conhece uma realidade completamente absurda, desumana, em que as pessoas são devoradas por um sistema manicomial corrupto e cruel. Dessa forma, ele é forçado a amadurecer e as transformações por que passa transformam sua relação com o pai.

O CAÇADOR DE PIPAS (Marc Forster). Este romance conta a história da amizade de Amir e Hassan, dois meninos quase da mesma idade, que vivem vidas muito diferentes no Afeganistão da década de 70. Amir é rico e bem-nascido, um pouco covarde, e sempre em busca da aprovação de seu próprio pai. Hassan, que não sabe ler nem escrever, é conhecido por coragem e bondade. Os dois, no entanto, são loucos por histórias antigas de grandes guerreiros, filmes de caubói americanos e pipas. E é justamente durante um campeonato de pipas, no inverno de 1975, que Hassan dá a Amir a chance de ser um grande homem, mas ele não enxerga sua redenção. Após desperdiçar a última chance, Amir vai para os Estados Unidos, fugindo da invasão soviética ao Afeganistão. Mas vinte anos depois, inesperados acontecimentos fazem Hassan voltar à sua terra natal para acertar contas com o passado. A história tem como cenário uma série de acontecimentos políticos tumultuosos, que começa com a queda da monarquia do Afeganistão decorrente da invasão soviética, a massa de emigrantes refugiados para o Paquistão e para os EUA e a implantação do regime Militar pelo Talibã.

O CONTADOR DE HISTÓRIAS (Luiz Villaça). O filme conta a história real de Roberto Carlos Ramos, que, nos anos 70, aos 6 anos de idade, foi deixado por sua mãe na FEBEM, com a ilusão de que ali seu filho teria um futuro melhor. Entretanto, a instituição pública mostrou que não passava de um frio depósito de crianças excluídas, onde estas eram submetidas a todo tipo de violência. Aos 13 anos, Roberto era analfabeto, tinha mais de 100 fugas, tinha praticado várias infrações e era considerado irrecuperável. O encontro com uma pedagoga, porém, mudou sua vida para sempre. Margherit Duvas abriu sua casa para o garoto e transformou a vida de Roberto através da pedagogia do amor. Ele cresceu, formou-se em pedagogia, virou escritor, palestrante e hoje é considerado um dos maiores contadores de histórias do mundo. Adotou 13 crianças de rua, que hoje formam a sua família.

O DIÁRIO DE ANNE FRANK (George Stevens). A épica adaptação para as telas de um dos mais comoventes documentos surgidos após a 2ª Guerra Mundial: o diário de uma garota judia de treze anos de idade, chamada Anne Frank. Para escapar aos horrores da perseguição nazista, Otto Frank escondeu sua esposa e suas duas filhas, Anne e Margot em um sótão desocupado em Amsterdã por dois anos. Lá, também escondidos, estavam o Sr. e Sra. Van Daan, seu filho Peter e um dentista, o Sr. Dussel. Em seu diário, Anne registra as dificuldades e medos das pessoas à sua volta que tentavam viver uma vida normal mesmo confinados no minúsculo sótão, estando todo o tempo sob ameaça de serem descobertos pela Gestapo. O estresse e a tensão quase insuportável da situação são habilmente expostos neste filme marcante e tocante. Anne Frank representa a fé e a esperança de que a lado bom das pessoas ainda prevalecerá neste mundo.

O GRITO SILENCIOSO (Bernard Nathanson). Documentário histórico, produzido na década de 80 pelo Dr. Bernard Nathanson, famoso médico americano que, por ter sido responsável por mais de 60 mil abortos, chegou a ser conhecido pelo título “o Rei do Aborto”. Também fundou em 1969 a Liga Nacional do Direito ao Aborto, para fazer propaganda em favor da legalização oficial da interrupção da gravidez. Aos poucos foi concebendo o horror de suas práticas, principalmente com a inovação do ultra-som, que permitia ver o feto dentro da barriga da mãe e, no caso do aborto, ver o seu sofrimento e o seu grito silencioso, comprovando cientificamente que o aborto é, de fato, uma violência cruel contra um ser vivo totalmente indefeso.

O MENINO DO PIJAMA LISTRADO (Mark Herman). Durante a Segunda Guerra Mundial, uma família alemã se muda de Berlim para Auschwitz, quando o patriarca é ordenado por Hitler para trabalhar no campo de concentração. Assim, Bruno, um garoto de 8 anos e filho do oficial, começa uma linda amizade com um menino judeu da mesma idade. O filme mostra o modo como o preconceito, o ódio e a violência afetam pessoas inocentes, especialmente as crianças. É uma fábula sobre amizade em tempos de guerra e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável.

O ÓLEO DE LORENZO (George Miller). Baseado em uma história real, o filme conta a história de Lorenzo Odone, um garoto de cinco anos com o diagnóstico de uma doença terminal rara. Seus pais, Augusto e Michaela Odone, iniciam, então, uma missão extraordinária para salvar Lorenzo, enfrentando médicos, cientistas e grupos de apoio que relutavam em incentivar o casal na busca de uma cura. O esforço inesgotável dos dois testa a resistência de seus laços de união, a profundidade de suas crenças e os limites da medicina convencional.

O PEQUENO TRAIDOR (Lynn Roth). O filme se passa na cidade da Palestina, em 1947, meses antes de Israel se tornar um estado independente. Proffy Liebowitz é um garoto judeu de doze anos que almeja o dia em que as forças de ocupação inglesas deixem sua terra. Proffy e seus dois amigos estão sempre pensando em algum plano para aterrorizar os ingleses, até a noite em que é surpreendido na rua depois do toque de recolher pelo oficial inglês Dunlop. Em vez de prendê-lo, Dunlop leva o garoto até em casa e, nas semanas seguintes, os dois prováveis inimigos começam uma intensa amizade. E Proffy é considerado publicamente como traidor, numa experiência que irá marcar sua vida para sempre, especialmente ao constatar sua genuína amizade com o inimigo.

O SENHOR DAS ARMAS (Andrew Niccol). Baseado em uma história real, o filme conta a história de Yuri Orlev, interpretado por Nicolas Cage, um imigrante ucraniano nos EUA que se torna um poderoso traficante internacional de armas. Aparentemente, o filme seria apenas mais uma daquelas histórias violentas que fazem tanto sucesso nos cinemas. Mas, ao final do filme, se percebe que o mesmo é uma incisiva crítica política à indústria e ao comércio da guerra, esse lucrativo negócio que enriquece justamente os principais países que se dizem “defensores da paz”, mas que continuam promovendo uma camuflada política belicista.

O SOL É PARA TODOS (Robert Mulligan). Clássico dos anos 60, o filme conta a história da família de Atticus Finch, um viúvo que vive com seus dois filhos na pequena cidade de Maycomb, na época da depressão. Atticus é advogado, homem simples e de grande caráter. Seus filhos aprendem com ele os princípios da justiça, do respeito e da igualdade. As crianças promovem cenas de pura sensibilidade, além de grande valor e significação para uma melhor convivência. A relação entre pai e filhos é harmoniosa, terna, e ainda mais solidificada, já que Atticus é pai e mãe ao mesmo tempo. Quando aceita defender o negro Tom Robinson, acusado de estuprar uma moça branca, Atticus passa a sofrer o ódio e o racismo de alguns habitantes da cidadezinha, inconformados com o seu trabalho. Ao mesmo tempo que leva o caso adiante, tenta proteger os filhos dos mesmos sentimentos de que é vítima, sem nunca instigar ou promover a violência. No dia do julgamento, Atticus prova a inocência do réu, evidenciando a hipocrisia e o cinismo daquela acusação de caráter preconceituoso. Ainda assim, o veredicto não envereda pelos caminhos da justiça e o desfecho da história é surpreendente.

O TERMINAL (Steven Spielberg). Baseado em fatos reais, o filme conta o surreal episódio ocorrido com Viktor Navorski, um cidadão da Europa Oriental que viaja rumo a Nova York justamente quando seu país sofre um golpe de estado, o que faz com que seu passaporte seja invalidado. Ao chegar ao aeroporto, Viktor não consegue autorização para entrar nos Estados Unidos. Sem poder retornar à sua terra natal, já que as fronteiras foram fechadas após o golpe, Viktor passa a improvisar seus dias e noites no próprio aeroporto, à espera que a situação se resolva. Porém, com a situação se arrastando por meses, Viktor permanece no aeroporto e passa a descobrir o complexo mundo do terminal onde está preso. O filme aborda temas como xenofobismo e falta de respeito e consideração com relação a estrangeiros. É um exemplo de que a globalização não representa verdadeiramente a diluição das fronteiras, a não ser para o capital. Para o ser humano, as portas de entrada dos países ricos permanecem bem vigiadas e impermeáveis à passagem de “consumidores falhos”.

OLHOS AZUIS (Jane Elliot). Documentário feito pela professora Jane Elliot, onde conduz uma experiência de grupo que evidencia o racismo, o preconceito, a submissão voluntária e a conformidade presentes na sociedade. Uma experidência que muda, definitivamente, nossa forma de ver os outros.

OS ANJOS DA GUERRA (Yurek Bogayevicz). Baseado em um caso real, o filme é ambientado na Polônia, logo depois da invasão nazista de 1939. Romek é um garoto judeu de 11 anos separado da família, pouco antes da deportação de todo o gueto para os campos de extermínio. Escondido dentro de um saco de batatas, ele é levado para um vilarejo, onde é adotado por um casal de fazendeiros. Mas Romek luta contra todas as adversidades, desde o ciúme do filho do casal ao pelotão alemão que fiscaliza o local e desconfia de sua origem.

PARANÓIA AMERICANA (Jeff Renfroe). Terry Allen, após perder seu emprego, próximo de 11 de setembro, é bombardeado por notícias de terrorismo. Fica obcecado e desconfia que seu vizinho, um suposto estudante islâmico, é um perigoso terrorista internacional. Dessa forma, passa a usar seu tempo livre para investigá-lo. Enquanto descobre cada detalhe da vida do enigmático vizinho, Terry não percebe que está entrando em um jogo perigoso contra seus próprios medos, numa paranóia sem fim. Essa guerra seria realmente fruto de sua imaginação ou ele estaria prestes a impedir outro ataque terrorista contra os EUA?

PATCH ADAMS – O AMOR É CONTAGIOSO (Tom Shadyac). Baseado numa história verdadeira, o filme conta a história de um médico que não parece, age ou pensa como nenhum doutor que você conheceu antes. Para o Dr. Patch Adams, interpretado por Robin Williams, humor é o melhor remédio, e ele está disposto a fazer de tudo para que seus pacientes sorriam - mesmo que isto signifique arriscar sua própria carreira.

PEARL HARBOR (Michael Bay). Uma superprodução épica que relata o repentino e devastador ataque japonês à base militar norte-americana em Pearl Harbor no dia 7 de dezembro de 1941. Um ato que chocou o mundo e afetou milhares de pessoas, colocando definitivamente os Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. O filme apresenta um romance baseado no episódio e peca por apresentar apenas a visão estadunidense dos fatos, sugerindo uma glorificação dos seus “heróis” de guerra e uma tentativa de justificar o revide norte-americano. Mesmo assim, é um filme excelente para quem deseja entender melhor os acontecimentos que marcaram a Segunda Guerra Mundial.

PIXOTE, A LEI DO MAIS FRACO (Hector Babenco). Clássico nacional dos anos 80, o filme conta a história de um menino abandonado por seus pais que vive na marginalidade. Trata-se de um retrato da realidade de muitas crianças e adolescentes no Brasil que, diante da escassez de oportunidades, do abandono por parte da família e do descaso e abuso por parte das autoridades públicas, escolhem trilhar a vida do crime. Pixote torna-se traficante de drogas, cafetão e assassino, com apenas onze anos de idade.

PODER ALÉM DA VIDA (Victor Salva). Inspirado em uma história real, o filme conta a história de Dan Millman, um talentoso ginasta que sonha com o ouro olímpico. Ele tem tudo: troféus, amigos, festas, aventuras e belas garotas. Entretanto, seu mundo vira de cabeça para baixo quando conhece um misterioso e surpreendente empregado de uma loja de conveniências, que assume o papel de um mestre em sua vida. Após sofrer um acidente de moto, Dan descobre que ainda há muito a aprender e muito mais para deixar para trás, antes de se tornar um “Guerreiro da Paz” e encontrar o seu caminho. Aprende, sobretudo, que a felicidade e a paz não são um fim, mas são o próprio caminho. E acaba redescobrindo o amor pelo esporte no simples ato de praticá-lo e não nas ilusões e frustrações das competições e medalhas. É uma comovente história sobre o poder do espírito humano.

POR AMOR (David Hollander). O filme traz a história de um jovem atormentado pela morte de sua irmã, que busca vingança ao menos pelos caminhos da Justiça Penal. Nas idas ao Fórum, onde acompanha rigorosamente as sessões do processo movido contra o suspeito do assassinato, ele conhece uma mulher mais velha que, assim como ele, traz feridas emocionais na alma e também busca por Justiça. As dores que ambos sentem acabam por aproximá-los e, em pouco tempo, eles deixam de ser apenas duas pessoas estranhas e passam a ter um significado maior na vida um do outro. É uma bonita história sobre superação da dor da perda.

PRECIOSA (Lee Daniels). Clarice Preciosa Jones é uma adolescente de 16 anos que mora na Nova York de 1987, no bairro do Harlem. Negra, obesa, pobre e suburbana, ela passa por uma série de privações. Desde bebê, ela é violentada sistematicamente pelo pai e abusada pela mãe. Cresce conformada, irritada e sem qualquer tipo de amor. É mãe de uma filha do seu próprio pai, sendo esta portadora de síndrome de Down. Quando ela engravida pela segunda vez do seu próprio pai, a escola que frequenta decide suspendê-la. A diretora, entretanto, indica a ela uma escola alternativa, que possa ajudá-la a superar suas dificuldades. Lá, sob os cuidados de uma sensível professora, Preciosa descobre a importância da educação, que passa a exercer uma força redentora em sua vida. Descobre ainda o poder da amizade e o poder do amor que sente por seus filhos. Tudo o que ela mais deseja, agora, é poder dar aos filhos o que ela não teve. O filme promove uma denúncia da dura realidade da exclusão social, da falta de perspectivas e do descaso de órgãos públicos. Mas é também um louvor a tantos que lutam no anonimato contra adversidades interiores e exteriores, fazendo de suas vidas um exemplo de resiliência.

PROIBIDO PROIBIR (Jorge Durán). Um retrato do Brasil e da juventude brasileira. O filme conta a história de três universitários que se vêem envolvidos pela violência que existe no Brasil. Léon é gravemente ferido quando tenta salvar a vida de um menino que testemunhou um assassinato cometido por policiais. Ajudado por Letícia, Paulo, estudante de medicina, o opera em casa e lhe salva a vida. A dolorosa experiência aprofunda os laços de amizade do trio e une finalmente Paulo e Letícia, amor até o momento nunca realizado.

QUANTO VALE OU É POR QUILO? (Sérgio Bianchi). Trata-se de um filme inovador, misto de documentário e ficção, que retrata as mazelas e contradições de um país em permanente crise de valores e revela que a escravidão não acabou em nossa história: apenas deixou de ser explícita. A “exclusão social” é seu sinônimo velado. O filme desenha um painel de duas épocas aparentemente distintas, mas, no fundo, semelhantes na manutenção de uma perversa dinâmica sócio-econômica, embalada pela corrupção impune, pela violência e pelas enormes diferenças sociais. No Século XVIII, época da escravidão explícita, os capitães do mato caçavam negros para vendê-los aos senhores de terra com um único objetivo: o lucro. Nos dias atuais, o chamado Terceiro Setor explora a miséria, preenchendo a ausência do Estado em atividades assistenciais, que na verdade também são fontes de muito lucro. Com humor afinado, o filme mostra que o tempo passa e nada muda. A crítica às milhares de entidades assistenciais, ONGs e associações espalhadas por todo o Brasil é muito forte. De acordo com o filme, com o que essas associações gastam em aluguel, manutenção das propriedades, taxas municipais, estaduais e federais, montagem de escritórios, salários de pessoal, viagens de avião, computadores, diárias de hotéis, contas de restaurantes, táxis, mídia, propaganda, jingles e agências de publicidade, seria possível, se não solucionar definitivamente, ao menos resolver em boa parte os problemas para os quais foram criadas. Entretanto, esse dinheiro só serve para promover reuniões, debates, congressos e transformar os excluídos em meros dados cadastrais ou números estatísticos e nada mais. O que vale é ter liberdade pra consumir. Essa é a verdadeira funcionalidade da democracia, segundo o filme. A regra econômica e as relações econômicas prevalecem sobre qualquer tipo de relação humana e estão acima do ser humano. É triste perceber, ainda, que os excluídos não conseguem encontrar formas não-violentas para superar a situação, apelando, frequentemente, para a reação violenta contra os privilegiados, gerando um ciclo de violências sem fim que simplesmente não resolve nada, só piora as coisas.

QUASE DEUSES (Joseph Sargent). O filme conta a história real de Viven Thomas e Alfred Blalock, responsáveis pela primeira cirurgia feita no coração - antes disso o órgão era visto como algo intocável pela medicina. Viven é um hábil marceneiro negro que na década de 30 foi demitido após a grande depressão americana. Ele sonha em cursar uma faculdade de medicina e se tornar médico. Entretanto, o máximo que consegue para se aproximar da universidade é ganhar um emprego modesto do Dr. Alfred, um médico ambicioso que testa suas técnicas em animais para poder fazer a diferença e se sobressair perante os outros pesquisadores da área médica. Viven, dessa forma, passa a cuidar dos animais utilizados nas experiências do Dr. Alfred. Este logo percebe que seu ajudante tem uma inteligência privilegiada e que poderia ser melhor aproveitado. Os dois acabam fazendo um parceria incomum e às vezes conflitante, pois Viven nem sempre era lembrado quando conseguiam criar uma técnica, já que não era médico. O filme é uma lição de humanidade e humildade. Mostra que a ignorância e o preconceito racial podem ter castrado bons profissionais que fariam diferença, caso tivessem tido uma chance.

QUEM MATOU PIXOTE? (José Joffily). O filme conta a história de Fernando Ramos da Silva, o ator-mirim que interpretou o papel-título no filme “Pixote, a Lei do Mais Fraco”. Após o curto período de sucesso que teve durante a infância, Fernando Ramos da Silva, já adolescente, não conseguiu mais trabalho como ator, se desesperou e acabou se enveredando pelo crime, como o personagem que interpretou. Acabou sendo covardemente assassinado por policiais em 1987, quando tinha apenas 19 anos.

RIO-FAVELA: DANÇANDO COM O DIABO (Jon Blair). Documentário sobre a guerra contra o tráfico de drogas que assola o Rio de Janeiro há anos. De um lado, os traficantes, oriundos das classes mais baixas de uma sociedade decadente, que não lhes oferece oportunidades dignas de vida. De outro, o Estado e a Polícia, que investem pesado em armas e equipamentos de guerra para combaterem o tráfico de drogas, sem nunca conseguirem pôr fim à atividade, e revelam agentes despreparados técnico e emocionalmente. Como saldo, temos a morte de milhares de seres humanos de ambos os lados e também de moradores das favelas. No meio dessa dança, que envolve não só troca de tiros, mas também negócios escusos, um Pastor tenta salvar vidas e almas, mediar conflitos e pacificar lados. Sem disfarçar identidades, o documentário penetra num conflito que gera uma das taxas de mortandade mais elevadas do mundo. E mostra como o tráfico e a religião ocupam o espaço da ausência estatal em comunidades carentes.

SETE ANOS NO TIBET (Jean-Jacques Annaud). O famoso alpinista austríaco Heinrich Harrer, interpretado por Brad Pitt, parte em busca do impossível: escalar um dos picos mais altos do Himalaia, o Nanga Parbat. Egoísta, visando somente a fama e a glória, experimentou a maior emoção de sua vida ao embaraçar nesta fantástica jornada. Capturado pelos ingleses, tornou-se prisioneiro em plena Segunda Guerra Mundial. Harrer conseguiu fugir e sua difícil aventura permitiu-lhe um encontro máximo com o jovem Dalai Lama (Kundun). Durante sete anos no Tibet, ele viveu uma profunda amizade que o fez despertar para a mais bela generosidade.

SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS (Peter Weir). Um carismático professor de literatura chega a um conservador colégio, onde revoluciona os métodos de ensino ao propor que seus alunos aprendam a pensar por si mesmos, bem como cultivem e lutem por seus próprios sonhos. Logo seus métodos de incentivar os alunos cria um choque com a ortodoxa direção do colégio. O filme trata da truculência contra os anseios pessoais e das imposições profissionalizantes de um sistema capitalista e de uma sociedade individualista. Mostra a importância dos sentimentos humanos que superam quaisquer imposições sociais.

Sua Santidade o XIV Dalai Lama - Ensinamentos no Brasil (Comitê Brasileiro de Apoio ao Tibet). Dalai Lama é um exemplo vivo de não-violência, amor, tolerância, perdão e compaixão. Este vídeo contém seus ensinamentos, ministrados num workshop em Curitiba/PR, quando esteve no Brasil em 1999.

Super Size Me - A Dieta do Palhaço (Morgan Spurlock). O diretor Morgan Spurlock decide ser a cobaia de uma experiência inusitada: se alimentar durante um mês apenas com lanches do McDonald's. Durante a realização da experiência o diretor fala sobre a cultura do fast food nos Estados Unidos, além de mostrar em si mesmo os efeitos físicos e mentais que os alimentos deste tipo de restaurante provocam. O filme é uma crítica à indústria alimentícia que privilegia o lucro, em vez da nutrição e da saúde das pessoas.

TARTARUGAS PODEM VOAR (Bahman Ghobadi). O filme é uma co-produção iraque-iraniana sobre o horror da guerra, mostrando que suas maiores vítimas são as crianças. Em uma vila de curdos no Iraque, na fronteira entre o Irã e a Turquia, pouco antes do ataque americano contra o Iraque, os moradores buscam desesperadamente uma antena parabólica para ter notícias do conflito via satélite. Surge na região um misterioso garoto mutilado que vem de outra vila, juntamente com sua irmã e o filho dela (fruto de um estupro praticado por soldados, que também mataram os pais deles). O garoto tem visões do futuro e prevê que a guerra está cada vez mais perto. Trata-se de uma obra que mostra o choro de povos massacrados ora por vizinhos, ora por arautos da paz munidos de metralhadoras. As crianças que atuam no filme são refugiadas na vida real.

TERRA FRIA (Niki Caro). O filme revela o primeiro processo judicial sobre assédio sexual, feito pela trabalhadora de uma mina de ferro na década de 70. Após um casamento fracassado, Josey Aimes retorna à sua cidade natal, no Minnesota, em busca de emprego. Mãe solteira e com dois filhos para sustentar, ela é contratada pela principal fonte de empregos da região: as minas de ferro, que sustentam a cidade há gerações. O trabalho é duro mas o salário é bom, o que compensa o esforço. Ela está preparada para o trabalho duro e, às vezes, perigoso, mas o que não esperava era sofrer com o assédio dos seus colegas de trabalho, com a indiferença dos patrões, com o preconceito da sociedade e o desprezo do seu próprio pai. Mesmo sem contar com o apoio das próprias colegas de trabalho, que também eram assediadas e humilhadas no trabalho, mas tinham medo das conseqüências, ela decide levar o caso à justiça, transformando-se numa pioneira na luta pela dignidade das mulheres.

TERRÁQUEOS (Shaun Monson). Documentário que denuncia os abusos praticados pelos seres humanos com relação aos outros animais terráqueos, que são utilizados para estimação, alimento, roupas, entretenimento e pesquisa. Mostra a urgente necessidade de reconsiderarmos nossos hábitos alimentares, nossas tradições, nossos estilos e modas e, acima de tudo, nosso modo de pensar. O filme traz a mensagem de que o ser humano deveria amar os animais como o experiente ama o inocente, como o forte ama o vulnerável. E que é nossa obrigação dar-lhes uma vida feliz e longa. O documentário ensina que a verdade passa por três estágios: 1) ridicularização; 2) oposição violenta; 3) aceitação. E, citando León Tolstoi, mostra que “enquanto existirem abatedouros, existirão campos de guerra”.

TERRITÓRIO RESTRITO (Wayne Kramer). O filme aborda o drama de imigrantes ilegais de diferentes nacionalidades que vão em busca de uma vida melhor nos Estados Unidos e que se vêem envolvidos frequentemente com a burocracia para conseguir um green card, as extorsões de funcionários públicos ou de pessoas que falsificam documentos, além de terem que lidar com o abuso, o preconceito e as suspeitas de terrorismo, bem como com o choque entre as culturas.

UMA CANÇÃO DE AMOR (Karin Albou). Na Tunísia de 1942, Nour e Myriam, duas jovens de 16 anos, são amigas desde a infância. Elas dividem a mesma casa em uma modesta vizinhança onde muçulmanos e judeus vivem em perfeita harmonia. Nour é muçulmana e Myriam é judia. Entretanto, tal amizade sofre abalos por ocasião da 2ª Guerra Mundial, quando o exército alemão invade a Tunísia e impõe sua pesada política nazista sobre a comunidade judia. As duas têm, assim, que enfrentar diversas dificuldades, como crise financeira, pesadas tradições culturais, perseguições, choques entre as culturas, extremismos políticos e religiosos. Entretanto, no final, o respeito pela diversidade e o amor que sentem uma pela outra acabam superando tudo. Em meio a tantos dogmas e tantas divisões sociais, o filme traz uma mensagem contra os preconceitos do mundo.

UMA PROVA DE AMOR (Nick Cassavetes). Um casal tem uma filha com leucemia e decide ter mais uma filha que fosse totalmente compatível com a irmã, com o intuito de doar-lhe medula óssea. Aos treze anos, mesmo sem ser doente, Anna já passou por várias consultas médicas, cirurgias e transfusões para que sua irmã mais velha, Kate, pudesse lutar contra o câncer. Seus pais, entretanto, entram em choque quando descobrem que Anna decidiu processá-los, para que não fosse mais obrigada a doar qualquer órgão para a irmã. Com um final surpreendente, o filme traz uma bela história de amor e superação diante desse evento inevitável da vida: a morte.

UMA VERDADE INCONVENIENTE (Davis Guggenheim). Documentário apresentado pelo ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, sobre o aquecimento global. Trata-se de um alerta sobre o futuro do nosso planeta e de nossa civilização, em face do perigo real e imediato do aquecimento global. Al Gore defende que a responsabilidade por tal fato é de cada um de nós e que se trata de uma questão essencialmente moral. O documentário convida as pessoas à busca pela paz ambiental, sugerindo medidas simples, mas eficazes, que podem salvar a Terra. Por seu trabalho em busca da paz ambiental, Al Gore ganhou o prêmio nobel da paz em 2007.

VERMELHO COMO O CÉU (Cristiano Bortone). Saga de um garoto cego durante os anos 1970, que luta para alcançar seus sonhos e sua liberdade. Mirco é um garoto toscano de dez anos apaixonado pelo cinema, que perde a visão após um acidente. Uma vez que a escola pública não o aceitou como uma criança normal, ele é enviado para uma instituição de deficientes visuais em Gênova. Lá, descobre um velho gravador e passa a criar histórias sonoras, trazendo alegria e esperança a todos. Entretanto, ele precisa enfrentar o preconceito e o rigor do próprio diretor da escola, que também é cego. Depois de anos de pressão da sociedade, o Governo Italiano aprovou uma lei abolindo escolas para cegos e permitindo que pudessem estudar em escolas públicas. O filme é baseado na história real de Mirco Mencacci, um renomado editor de som da indústria cinematográfica italiana, e aborda de forma belíssima os desafios dos portadores de deficiência visual para serem reconhecidos como pessoas normais.

VISÕES (Christopher Hampton). Baseado em fatos reais, o filme aborda a violência da ditadura militar e o desrespeito aos direitos humanos. Em Buenos Aires, 1976, a jornalista Cecília (Emma Thompson) é levada por agentes da ditadura militar e seu marido Carlos (Antonio Banderas) pressente a tragédia. Ao voltar para casa ele descobre que Cecília foi presa por um grupo de homens não identificados, em carros sem placas. Começa o pesadelo. Aos poucos, ele percebe ter a capacidade de ver o que aconteceu com outros presos políticos de seu país. A notícia se espalha e sua casa se torna um centro de peregrinação de parentes e amigos desesperados, em busca de notícias de seus entes queridos. Fazer justiça não significa esquecer o passado. Assim como na Argentina, vários países passaram ou passam por esse período obscuro. E, em algum lugar do mundo, hoje, alguém está “desaparecendo”.

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