sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Top 60: Os Melhores Filmes da Década (2000-2009)

20# Fonte da Vida (The Fountain, 2006, Darren Aronofsky)
“It’s all done except the last chapter. I want you to help me. Finish it…”
Darren Aronofsky é de fato um grande diretor. Seus trabalhos são sempre muito particulares, sempre apresentam seu estilo própria e sempre tentam nitidamente te mostrar algo que você nunca tenha visto antes. Fonte da Vida pode ser um filme de história muito complicada a princípio, mas ele muito mais da sua imaginação do que do seu raciocínio. Aronofsky conta a história de um médico com uma esposa doente, e usa de duas história paralelas para falar sobre o estado da relação do casal e da tentativa de superação do marido enquanto ele tenta descobrir uma cura. O filme faz um excelente estudo de sentimentos das pessoas frente à morte, tem uma atuação sem precedentes de Hugh Jackman, e tem uma trilha sonora de tirar o fôlego.
19# Adaptação (Adaptation, 2002, Spike Jonze)
“I loved Sarah, Charles. It was mine, that love. I owned it. Even Sarah didn’t have the right to take it away. I can love whoever I want.”
Existe uma coisa que hoje eu tenho completa certeza é que você sempre pode confiar em Spike Jonze na direção quando você quer ver algo diferente e criativo. Mais certeza ainda eu tenho na minha confiança em Charlie Kaufman escrevendo um roteiro. A história desse filme é simplesmente sensacional, em muitos momentos fazendo geniais auto-referências e sátiras a blockbusters americanos. Eu passar muito tempo falando sobre coisas específicas do grande trabalho de Jonze aqui, mas realmente o que você tem estar prestando atenção de verdade é nos diálogos e nos caminhos que a história te conduz. Além disso, é preciso comentar sobre Nicolas Cage, de quem eu tenho que confessar que eu nunca fui muito fã, mas que aqui faz coisas extraordinárias, interpretando dois gêmeos com personalidades completamente diferentes, e fazendo os dois contracenarem com perfeição.
18# Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, 2009, Quentin Tarantino)
“You probably heard we ain’t in the prisoner-takin’ business; we in the killin’ Nazi business. And cousin, business is a-boomin’.”
Tem muito pouco para se falar ainda sobre o último filme de Tarantino, que ainda está fresco em nossas memórias. É absolutamente genial, diversão do começo ao fim, e todas as melhores características que um filme de Quentin Tarantino pode ter. O elenco, com exceção de Eli Roth de quem eu não consigo gostar, trabalha muito bem como um todo. Lógico que o destaque todo no final das contas ficou com Christoph Waltz que roubou a cena completamente, e virou um ícone no mundo inteiro, da mesma forma que Heath Ledger fez em 2008 em O Cavaleiro das Trevas e Javier Bardem fez em 2007 em Onde os Fracos Não Tem Vez (No Country For Old Men, 2007).
17# O Pianista (The Pianist, 2002, Roman Polanski)
“They all want to be better Nazis than Hitler.”
Falando de filmes situados no holocausto, O Pianista é com certeza um dos melhores. Essa história desse que era um dos pianistas mais admirados da região, e de repente se viu segregado e depois preso com sua família, e viu massacres serem realizados, é muito bonita e tem vários momentos de emoção real. Da mesma forma que algumas cenas chocam devido a atos de crueldade, algumas cenas mostram uma beleza e sincronia muito grande. Certamente que boa parte do mérito vem do trabalho de Adrien Brody, que sempre se mostrou muito competente, mas esse foi com certeza o papel de sua vida. Mereceu todos os prêmios que recebeu, e ainda poderia ter ganho mais alguns.
16# Sin City (Sin City, 2005, Robert Rodriguez e Frank Miller)
“An old man dies. A young woman lives. A fair trade.”
Eu não sei como exatamente Robert Rodriguez fez, mas Sin City é um filme que nunca deixa de me empolgar. Eu já assisti diversas vezes, e sempre tem o mesmo efeito. A combinação do estilo próprio, mostrando belas imagens em preto e branco e algumas cores estratégicas as vezes, com as narrações das história muito bem executadas e muito bem encaixadas no filme, com a violência, exageros e caracterizações comuns nos trabalhos de Rodriguez, fazem desse um filme extremamente empolgante, que nunca perde sua mágica. O elenco é cheio de rostos famosos, e eu tenho que dizer todos, com exceção talvez de Jessica Alba em alguns momentos, fazem um trabalho muito competente, com muita confiança. Eu sinceramente não acredito algum dia Robert Rodriguez conseguirá superar Sin City.
15# Sangue Negro (There Will Be Blood, 2007, Paul Thomas Anderson)
“I… drink… your… milkshake! I drink it up!”
Filme que está em 1# lugar em muitas listas de melhores da década, por muito boas razões. Paul Thomas Anderson faz outra obra de cair um queixo, por vários motivos. Para começar que o grau de detalhe que todos os aspectos do filme apresentam é impressionante. É impossível você ter qualquer conversa inteligente sobre ele sem ter visto pelo menos 2 vezes, porque muita coisa passa despercebida. A forma que o filme é montado é extremamente interessante e as cenas são surpreendentemente impecáveis. Sem falar na que eu considero a melhor performance por um ator em toda a década. Daniel Day-Lewis tem um trabalho tão impecável e tão rico em detalhes no filme quanto seu diretor. Em cada momento do filme, o jeito que ele está agindo significa alguma coisa. Talvez, se você considerar puramente técnica, esse realmente seja o melhor filme da década.
14# Os Infiltrados (The Departed, 2006, Martin Scorsese)
“When I was your age they would say we can become cops, or criminals. Today, what I’m saying to you is this: when you’re facing a loaded gun, what’s the difference?”
Muitos dizem que esse foi o filme que deu o Oscar de consolação de Martin Scorsese, e que ele não deveria ter ganho por esse filme. O primeiro problema com isso é que não importa se ele já fez filmes melhores que não ganharam, importa se ele fez o melhor filme de 2006 para ganhar em 2006. Segundo que eu acredito de coração que esse seja um dos melhores filmes que ele já fez. Remake de um filme asiático chamado Infernal Affairs de 2002, tem uma excelente história de policiais e criminosos, com um final surpreendente. O elenco é estelar, passando por Leonardo DiCaprio, Jack Nicholson, Matt Damon, Martin Sheen, Vera Farmiga e Alec Baldwin, todo mundo fazendo trabalhos excelentes. Até o Mark Wahlberg o senhor Scorsese conseguiu fazer atuar direito. Todos os prêmios que ganhou foram merecidíssimos, na minha opinião.
13# Kill Bill: Vol. 1 e Vol. 2 (Kill Bill, 2003/2004, Quentin Tarantino)
“That woman deserves her revenge and we deserve to die.”
Por mais que Bastardos Inglórios seja extasiante, não acho que seja o melhor de Tarantino da década. Kill Bill é um filme que consegue me empolgar mais ainda, com tudo o que você pode esperar de um filme desse grande diretor. A saga vingativa da noiva une grandes cenas de luta, personagens muito bem pensados e uma trilha sonora quase perfeita. Todas as experimentações, que vão da história de O-Ren Ishii contada como um anime japonês, até a luta em preto e branco com o exército, foram todas muito bem colocadas e sempre adicionavam algo mais ao filme. Tem muitas tomadas bonitas, talvez com o melhor trabalho em fotografia já feito em um filme dele, e todos os atores e atrizes cumprem seu papel com maestria. Principalmente Uma Thurman, que ajudou a colocar a Noiva na história eterna do cinema mundial.
12# Batman – O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008, Christopher Nolan)
“Introduce a little anarchy. Upset the established order, and everything becomes chaos. I’m an agent of chaos.”
Já deve cansativo nesse momento falar sobre porque O Cavaleiro das Trevas é tão bom, porque todo já sabe e já passou dois anos falando sobre. Esse filme estabeleceu uma marca a ser superada e vai virar para sempre referência para todos que tentarem fazer um filme de super-herói, sem falar na criação de expectativa para o terceiro filme da série. Ele é inteligente, obscuro, lida com temas muito mais adultos e não te deixa perder a concentração nenhum minuto. Heath Ledger faz a performance de uma vida, da tudo de si, e recria uma personagem que já é uma das mais admiradas da história recente do cinema. O elenco todo é muito bom, comentando sobre a mudança de Katie Holmes para Maggie Gyllenhaal interpretando Rachel Dawes, que melhorou 150% a personagem. O roteiro é completamente sem precedentes em filmes baseados em histórias em quadrinhos, e o final me dá arrepios todas as vezes.
11# WALL-E (WALL-E, 2008, Andrew Stanton)
“Ta-dah!”
Tem algo que a Pixar se tornou muito boa em fazer que é sequências longas de história contada sem nenhum diálogo e nenhuma narração, coisa que eles começaram principalmente a partir de Ratatouille. E WALL-E eles resolveram experimentar um pouco mais com isso, já que a maior parte do filme não tem diálogo nenhum e só apresenta comunicação visual. O resultado foi uma obra-prima incontestável. O filme tem todas as melhores características que os filmes da Pixar sempre apresentam, em suas melhores formas, e apresentam sequências divertidas e maravilhosas de se olhar simplesmente mostrando as ações dos personagens. Eles conseguiram demonstrar sentimentos, vontades e intenções em robôs que não falam durante a maior parte do filme. Isso realmente não é para qualquer um.

Top 60: Os Melhores Filmes da Década (2000-2009)

02/08/2010
Faz um bom tempo já que eu estou querendo postar aqui a minha lista de filmes preferidos da última década, mas de alguma forma não conseguia achar tempo, nem finalizar uma lista que deixasse completamente satisfeito. É provável que em um tempo essa lista mude completamente, mas eu acredito que no momento eu consegui chegar num consenso comigo mesmo de uma compilação que vale a pena mostrar. A princípio a intenção era fazer um Top 50. Faz muito mais sentido, é um número muito mais redondo, etc, etc. Porém, ao olhar a minha lista, eu percebi que eu tinha uma grande vontade de inserir os filmes que estão entre as posições 60 até 51 nesse post, o que eu não sentia tanto com os filmes de 70 até 61. Portanto, será um Top 60, porque o blog é meu e eu invento as regras.
Antes de começar com os filmes em si, queria chamar a atenção para uma discussão mais específica. Estava pensando com meus botões quem eu consideraria o diretor da década, analisando regularidade de sua carreira nesses dez anos. A princípio eu poderia citar Paul Thomas Anderson, que fez grandes obras em todos os seus lançamentos, porém esses totalizam a pequena quantia de 2. É possível argumentar algo sobre Charlie Kaufman, que participou da produção de vários filmes e escreveu duas obras-primas, mas se considerar a direção em si, ele só dirigiu um filme. Muitos discordarão de mim, mas eu também acredito que essa tenha sido uma grande década de estréia para Jason Reitman, que fez três grandes filmes, e é uma grande promessa para o futuro. Mas o nome que eu escolho no final das contas, e eu posso estar colocando muito do meu gosto pessoal nessa porque ele já se tornou um dos meus diretores preferidos, mas acredito que ninguém teve uma década tão eficaz quanto Christopher Nolan. Conseguiu fazer dois grandes blockbusters de grande qualidade e enorme sucesso comercial, e dois excelentes filmes, seguindo bastante o estilo que mais gosta.
Sobre atores, acredito que eu escolheria Leonardo DiCaprio. Durante essa década a sua nova parceria com Martin Scorsese lhe rendeu três filmes, em que sua atuação é uma das melhores coisas de cada filme. Além de apresentar outros três grandes trabalhos em Prenda-Me Se For Capaz (Catch Me If You Can, 2002), Diamante de Sangue (Blood Diamond, 2006) e Foi Apenas Um Sonho (Revolutionary Road, 2008). Lógico que não poderia de citar Russell Crowe também, que apesar de não ter apresentado tanta regularidade, começou a década com atuações inesquecíveis com filmes como Gladiador (Gladiator, 2000) e Uma Mente Brilhante (A Beautiful Mind, 2001), e seguiu sempre com trabalhos bem construídos. Do lado das mulheres, Kate Winslet pode não ter feito somente filme brilhantes, mas tem um número de atuações marcantes mais do que o suficiente para ser comentada aqui. Só por Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004), Em Busca da Terra do Nunca (Finding Neverland, 2004), Foi Apenas Um Sonho e O Leitor (The Reader, 2008) essa mulher já merecia uma estátua. Sem falar em Contos Proibidos do Marquês de Sade (Quills, 2000) e Pecados Íntimos (Little Children, 2006).
Mas chega de conversa, foi apresentar a lista de uma vez. Como de costume, sempre que faço uma lista tenho que fazer algumas menções honrosas, porque ninguém é de ferro. Selecionei 5 filmes que não estão entre os 60 para comentar rapidamente a seguir:
Amores Brutos (Amores Perros, 2000, Alejandro González Iñárritu): O primeiro filmes da trilogia do acaso de Iñárritu é um grande filme, com atuação muito eficientes e uma história muito envolvente. Não é o melhor dos três, mas certamente merece ser citado.
A Lula e a Baleia (The Squid and the Whale, 2005, Noah Baumbach): A Lula e a Baleia é um daqueles filmes onde a história não obedece um rigor de se começar e fechar um ciclo narrativo, ao invés disso simplesmente retrata um momento na vida das personagens trazendo sentimentos o mais reais possíveis. Nesse sentido, é um filme muito interessante de se ver.
Onve Vivem os Monstros (Where The Wild Things Are, 2009, Spike Jonze): Até esse ponto eu já consigo considerar Spike Jonze um dos diretores mais geniais do mundo hoje, e com mais essa obra de arte ele mostra como é possível usar criatividade e originalidade para fazer uma história de um livro infantil fazer as pessoas pensarem e sentirem.
Garçonete (Waitress, 2007, Adrienne Shelly): Eu olhava um pouco feio pra esse filme antigamente, achava que era uma daquelas comédias românticas fabricadas pra garotas. Não podia estar mais enganado, essa é sim uma comédia romântica, mas uma extremamente criativa, divertida e eficiente, com grandes atuações. É uma pena o que tenha acontecido com Adrienne depois das filmagens, podia ter virado uma grande diretora.
Filhos da Esperança (Children of Men, 2006, Alfonso Cuarón): A primeira vez que eu vi esse filme, ao começarem os créditos eu achei que eu não tinha gostado também, mas então eu percebi que eu não tinha parado para respirar uma única vez o filme inteiro. Muito intenso, e possui uma história muito interessante.
Então sem mais delongas, começando a lista oficial:
60# Em Busca Da Terra Do Nunca (Finding Neverland, 2004, Marc Forster)
“Porthos dreams of being a bear, and you want to shatter those dreams by saying he’s *just* a dog? What a horrible candle-snuffing word. That’s like saying, ‘He can’t climb that mountain, he’s just a man’, or ‘That’s not a diamond, it’s just a rock.’ Just.”
Eu começo a achar que não existem limites para o alcance do talento de Johnny Depp. Para uma mesma pessoa desenvolver trabalhos como Captain Sparrow e Willy Wonka, e ter a sensibilidade dramática para construir uma personagem como J. M. Barrie é uma coisa realmente impressionante. E ele não está sozinho aqui, Kate Winslet coestrela esse filme com maestria, e o garoto Freddie Highmore mostra porque é um dos maiores talentos da nova geração de atores, com um trabalho que invejaria muito ator experiente por aí. Marc Forster conduz o filme com grande habilidade, manipulando os acontecimentos para trazer o espectador a momentos muito emocionantes e cheios de sentimento. A história também traz muitos aspectos interessantes, principalmente relacionado à relação que Barrie cria com essa família, como ela se desenvolve, e como ela afetará sua vida no final das contas.
59# Hora De Voltar (Garden State, 2004, Zach Braff)
“I’m okay with being unimpressive. I sleep better.”
Hora de Voltar é o primeiro longa dirigido e escrito por Zach Braff, e mostra muito talento, principalmente na parte do roteiro. A história possui tantas idéias interessantes que são mostradas o tempo, relacionadas com esse homem que vem vivido sua vida em um tipo de piloto automático, e um retorno a sua cidade natal começa o fazer perceber que ele precisa começar a viver de verdade. Zach também estrela no filme, e forma um grande time junto com Natalie Portman e Peter Sarsgaard. Uma combinação de boas atuação e uma história que mostra real conteúdo em muitas ocasiões fazem desse um tipo de drama com comédia e romance que vale muito a pena ser visto.
58# Ghost World (Ghost World, 2001, Terry Zwigoff)
“Maybe I don’t want to meet someone who shares my interests. I hate my interests.”
Antes que Scarlett Johansson virasse a celebridade que é hoje ela fez um pequeno filme em 2001 chamado Ghost World, formando uma dupla com Thora Birch, recém saída do filme ganhador do Oscar Beleza Americana (American Beauty, 1999). O filme é uma comédia muito original que lida com muitas questões de relacionamentos entre pessoas que fogem do padrão e se sentem deslocadas. Muitas situações interessantes são criadas durante o filme, com a relação entre a dupla principal, e delas com um estranho que elas conhecem e começam a perseguir por diversão. O filme diverte muito como comédia, e em muitas vezes funciona muito bem como drama também.
57# Quase Famosos (Almost Famous, 2000, Cameron Crowe)
“I always tell the girls, never take it seriously, if ya never take it seriosuly, ya never get hurt, ya never get hurt, ya always have fun, and if you ever get lonely, just go to the record store and visit your friends.”
Para começar que eu nunca na minha vida recusarei um filme sobre rock n’ roll, ainda mais com a história situada nos anos 70. Mas o atrativo desse filme certamente não é somente musical. A história contada com o aspirante à jornalista de música William Miller tentando se infiltrar no mundo do rock n’ roll é cheia de aspectos muito interessantes. E é nessas tentativas que ele conhece a melhor e mais complexa personagem do filme, a groupie Penny Lane, sendo interpretada com a melhor atuação da carreira de Kate Hudson. A forma como Cameron Crowe conduz essa história paralela com a história da banda Stillwater é muito eficiente, nunca deixando o filme ficar cansativo e não divertir. Vale a pena ver mesmo para quem não é fã de rock.
56# Embriagado De Amor (Punch-Drunk Love, 2002, Paul Thomas Anderson)
“I have a love in my life. It makes me stronger than anything you can imagine.”
Paul Thomas Anderson é sem a menor dúvida um dos melhores diretores do mundo hoje. Ele já é o autor de muitas obras muito bem feitas, muito complexas, e ao mesmo tempo com muito valor de entretenimento. E Embriagado de Amor é o melhor exemplo disso, onde temos uma comédia romântica cheia de simbolismos, interpretações duplas, e ainda assim nunca deixa de divertir. E quem diria que Adam Sandler consegue trazer uma performance com humor tão criativa e original quanto essa. É impressionante o quanto alguns atores conseguem se superar quando dirigidas por um bom diretor. Emily Watson completa o casal com um trabalho muito bom, como sempre, além de todos os coadjuvantes que não fazem o nível do filme cair.
55# Elefante (Elephant, 2003, Gus Van Sant)
“Eeney… Meeney… Meiny… Moe… Catch a… Tiger… By its… Toe …”
Provavelmente vai ter gente que não vai gostar desse filme estar tão baixo na lista, mas eu tenho que admitir que foi um filme que não clicou comigo emocionalmente tanto quanto poderia. Porém é muito difícil de não reconhecer tantas outras qualidades. O uso da câmera e de planos-sequência longos é genial, sempre ajudando muito a construir a tensão que é culminada finalmente no final do filme. Nenhum trabalho em atuação comprometeu o filme, mas também nada marcante. O grande ponto alto do filme é realmente a fotografia, e a forma que o filme é editado, que é realmente muito interessante.
54# Clã Das Adagas Voadoras (Shi Mian Mai Fu, 2004, Yimou Zhang)
“To be free like the wind.”
O Clã das Adagas Voadoras é de longe o meu filme preferido entre os filmes orientais de artes marciais que tem pessoas super poderosas. O filme, visualmente, é simplesmente maravilhoso. Possui inúmeros momentos que tiram o seu fôlego com uma facilidade muito grande. As cenas de luta e de dança são muito bem coreografadas, mostrando sempre movimentos bonitos e impressionantes. O trabalho da já conhecida Ziyi Zhang como a cega Mei é realmente muito bom, e dá um poder maior ao filme. E não posso falar desse filme sem deixar de comentar sobre a cena dela com os tambores, que até hoje eu lembro perfeitamente, e nunca irei esquecer.
53# Simplesmente Feliz (Happy-Go-Lucky, 2008, Mike Leigh)
“Mirrors, signal, maneuver, En-ra-ha.”
Simplesmente Feliz deve ser uma das maiores surpresas presentes nessa lista. O filme aparentemente parece ser uma comédia com nada muito especial, mas realmente se mostra muito mais um drama com a comédia muito presente e com uma história extremamente original. Sally Hawkins está fenomenal nesse filme. Eu não acredito até hoje que ela não tenha sido indicada ao Oscar por esse trabalho. Eu entendo não ganhar porque 2008 realmente foi o ano de Kate Winslet, mas pelo menos uma indicação era muito mais que merecida. Esse é outro filme que tem uma ajuda muito grande de personagens coadjuvantes, principalmente do instrutor ranzinza interpretado por Eddie Marsan. Mike Leigh mais uma vez mostra sua enorme capacidade.
52# 21 Gramas (21 Grams, 2003, Alejandro González Iñárritu)
“Did you know that eating alone could cause kidney damage? And that’s bad.”
Esse sim eu diria que é o melhor filme da trilogia de Iñárritu. É um daqueles filmes que é um pouco complicado você gostar plenamente vendo pela primeira vez, até porque a narrativa é toda quebrada, e vai e volta na progressão da história o tempo inteiro, então pode ser complicado pescar todos os detalhes. Mas o filme é feito com uma sensibilidade enorme, um texto muito bem escrito, e um trio de atores sensacional. Sean Penn, Naomi Watts e Benício Del Toro juntos em muitos momentos fazem o filme valer a pena, e passam para o espectador a carga emocional que a história pede que seja passada. Além disso, a forma que a narração é conduzida torna tudo mais intrigante e te deixa o tempo todo tentando decifrar os acontecimentos.
51# Irreversível (Irréversible, 2002, Gaspar Noé)
“You’re behaving like an animal. Even animals don’t seek revenge.”
Esse filme acabou criando uma certa fama por possuir uma cena forte particularmente difícil de assistir. Eu diria que possui várias (apesar de realmente ter uma que se destaca), mas não por isso que o filme deveria ser conhecido. O filme impressiona muito logo no começo mostrando sua forma inovativa de filmagem e mostrando algumas coisas pouco agradáveis, e eu confesso que a princípio eu já estava começando a ficar com dor de cabeça. Mas enquanto o filme se desenrola você vai percebendo o quanto ele consegue criar tensão, o quanto ele consegue impressionar, e o quanto ele consegue te intrigar até a chegada do final, que é de cair o queixo. Um dos melhores filmes contados de trás pra frente que eu já assisti na minha vida.

Top 60: Os Melhores Filmes da Década (2000-2009)

05/08/2010
Continuando agora a lista dos top 60 filmes da década. Para referência:
50# Todo Mundo Quase Morto (Shaun of the Dead, 2004, Edgar Wright)
Can I get any of you cunts a drink?
Porque a idéia de fazer puras comédias com zumbis não é usada já a muito tempo eu não faço a menor idéia. Zumbis são criaturas que andando mancando e gemendo, e tem membros faltando, potencial cômico não falta. Melhor ainda quando é quase uma comédia romântica, e dirigida por um dos diretores mais competentes da atualidade, Edgar Wright. O filme Todo Mundo Quase Morto é extremamente eficiente no que se propõe a fazer, e é imensamente criativo. Os protagonistas Simon Pegg e Nick Frost, regulares de Wright, fazem um tremendo trabalho, e criam personagens que ficam na sua cabeça ainda por um bom tempo. O roteiro é muito bem escrito, da um ritmo excelente para o filme e não deixa a diversão parar em nenhum momento. Entretenimento garantido.
49# Donnie Darko (Donnie Darko, 2001, Richard Kelly)
“Why are you wearing that stupid man suit?”
Acho estranho como Richard Kelly não conseguiu fazer nada remotamente interessante depois de ter começado com algo como Donnie Darko. Em seu primeiro longa ele conseguiu fazer um suspense muito efetivo, que apesar de em nenhum momento se mostrar um terror propriamente dito, mostra muitos aspectos perturbadores e assustadores. O roteiro é muito bem construído; pode dar um pouco de nó na cabeça a primeira vista, mas é uma história muito bem definida e com seus clímax e situações de tensão todas em seus lugares certos. É um filme que realmente é preciso ver para formar qualquer opinião, mas assistam com uma mente aberta.
48# Alta Fidelidade (High Fidelity, 2000, Stephen Frears)
“I can’t fire them. I hired these guys for three days a week and they just started showing up every day. That was four years ago.”
Considerando que esse filme inspirou o nome e o banner do meu blog, não teria como ele não estar aqui. Mas não só pelo quanto eu me identifiquei pessoalmente com o filme, ele tem muitos méritos que valem a pena ser citados. Pra começar que o roteiro é muito original e muito bem escrito, possui humor legítimo sem apelações para piadas reusadas, e faz um excelente uso de manias de personagens para criar situações engraçadas. Outro detalhe que é muito bem usado e é grande parte da graça do filme é o uso da personagem de John Cusack como narrador e freqüentemente recitando o texto em frente à câmera. O trabalho de Cusack é realmente muito bom, mas o que mais me impressiona mesmo toda vez que eu vejo é a criatividade na história e nos diálogos. Uma comédia romântica como poucas.
47# A Ponta de um Crime (Brick, 2005, Rian Johnson)
“So now we’ve shaken the tree. Let’s wait and see what falls on our heads.”
Houveram muitas excelentes estréias diretoriais na última década, muitas inclusive que ainda aparecerão nessa lista, mas A Ponta de um Crime é uma particularmente impressionante. Impressionante em como Rian Johnson, já em seu primeiro longa, conseguiu fazer algo tão original, tão bem acabado, e imprimindo tanto seu estilo bem pessoal logo em seu primeiro longa. O filme possui um grande grupo de coadjuvantes, todos com trabalhos excelentes. Considero esse o filme que começou a pavimentar o caminho para Joseph Gordon Levitt virar de fato uma estrela, coisa que ele já está merecendo faz muito tempo. É de mais diretores como Rian Johnson que o cinema americano precisa de vez em quando para dar um boost de criatividade na indústria.
46# O Hospedeiro (Gwoemul, 2006, Joon-ho Bong)
“Pour them right down the drain, Mr. Kim.”
O primeiro dos dois filmes coreanos que estão nessa lista é um grande filme de monstro sobre a dedicação de uma família para salvar uma garotinha. O filme pode não parecer grande coisa a princípio, mas vai crescendo com o passar do tempo, até culminar em um final eletrizante. Uma característica marcante no filme, que é muito presente em todos os filmes de Joon-ho Bong, é a fotografia. Os enquadramentos são brilhantes no sentido de dar visibilidade e dar ênfase visual aos detalhes que o diretor quer que você veja. Os efeitos especiais são até bem interessantes para o nível geral de produção que o filme parece ter, as atuações são todas corretas, mas além da fotografia o que é mais importante ressaltar é a grande habilidade de condução de uma história de Bong. O suspense gradual é construído de forma muito eficiente.
45# Lavoura Arcaica (Lavoura Arcaica, 2001, Luiz Fernando Carvalho)
“A claridade da nossa casa, que parecia sempre mais clara quando a gente vinha de volta lá da vila. Essa claridade, que mais tarde passou a me perturbar.”
Para não dizerem que eu não dou importância ao cinema brasileiro, aí está um. Lavoura Arcaica é um poesia em movimento, de 3 horas de duração. Tem provavelmente o melhor trabalho em fotografia que eu já vi em um filme brasileiro na minha vida, e tem alguns diálogos que realmente conseguem impressionar e tirar o fôlego. Selton Mello lidera o elenco, que todo trabalha brilhantemente, mas ninguém tanto quando o próprio protagonista. O trabalho de Mello nesse filme é também provavelmente o melhor trabalho de atuação que eu já vi em um filme brasileiro na minha vida. O roteiro é excelente, o modo como Luiz Fernando Carvalho as vezes dá vida as palavras que estão sendo ditas é impressionante. Não acredito que seja um filme para todos, mas quem conseguir realmente desfrutar de suas qualidades provavelmente vai achar uma obra-prima.
44# [Rec] ([Rec], 2007, Jaume Balagueró e Paco Plaza)
“We have to tape everything, Pablo. For fuck’s sake.”
O terror espanhol [Rec] é um daqueles filmes de terror que não se concentra tanto em mostrar imagens perturbadoras e assustadoras, mas mais em construir tensão e dar sustos. Com esse propósito, é um dos filmes mais eficientes que já assisti. Possui em muitos momentos uma coisa que é particularmente rara em um terror hoje em dia, que é dar alguns sustos quase imprevisíveis. A condução dos momentos do filme é muito bem montada, fazendo a tensão e desespero só crescerem com o passar dos minutos. Considero o melhor filme do estilo mockumentary que eu já assisti, e os últimos 15 minutos desse filme pode ser a melhor cena de terror que eu já assisti.
43# O Virgem de 40 Anos (The 40 Year-Old Virgin, 2005, Judd Apatow)
“Yooooooooow, Kelly Clarkson!”
Eu não sei explicar exatamente o que eu tenho com esse filme. Eu só sei que eu não consigo nem ler trechos isolados de diálogos dele sem começar a rir sozinho. Nenhum filme que eu tenha assistido nos últimos anos consegue me fazer gargalhar tão constantemente quanto O Virgem de 40 Anos. E o humor do filme não depende só de piadas isoladas, mas faz muita comédia com repetições de situações e aspectos relacionados a construção das personagens. Steve Carrell é brilhante nesse filme, e me faz rir só de olhar para a cara dele. Todos os coadjuvantes estão brilhantes também, principalmente Seth Rogen, Paul Rudd e Romany Malco. Enfim, eu realmente considero esse de muito longe a grande obra de Judd Apatow.
42# O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Le fabuleux destin d’Amélie Poulain, 2001, Jean-Pierre Jeunet)
“I like to look for things no one else catches.”
Acabou se tornando um dos maiores clássicos cult da última década, e sem dúvida nenhuma é um grande filmes. O filme de Jean-Pierre Jeunet apresenta enorme sensibilidade em apresentar os seus temas, e uma incrível originalidade em construir sua história. O roteiro é muito divertido, e tem méritos principalmente em criar personagens intrigantes e agradáveis de se assistir, enquanto eles vivem suas vidas. O filme apresenta um estudo muito interessante sobre a vida dessa mulher Amélie Poulain, suas manias, suas crenças, seu modo de vida e sua busca pelo amor de sua vida. Personagem essa que foi extremamente bem trabalhada por Audrey Tatou, que conseguiu um certo status de fama justamente após esse filme.
41# Quem Quer Ser Um Milionário? (Slumdog Millionaire, 2008, Danny Boyle)
“When somebody asks me a question, I tell them the answer.”
Muito já se foi falado sobre o último filme de Danny Boyle, vencedor de 8 Oscars. Há muitos que acharam o filme meio bobo, ou pelo menos não merecedor de tantos prêmios, principalmente técnicos. Eu pessoalmente gostei muito. Acho que o filme é muito bem acabado em vários aspectos, e mostra uma visão que me passou um sentimento de muita originalidade, porque o filme consegue apresentar um ponto de vista muito otimista da vida, sem parecer algo fabricado para não decepcionar os espectadores, ou algo muito pouco ousado que não traz nada de diferentes. Não acredito em nenhum momento que tenha sido o melhor filme do ano no ano em que ganhou o prêmio, mas é sim um grande filme, e na minha opinião o melhor que Boyle já fez.

Top 60: Os Melhores Filmes da Década (2000-2009)

08/08/2010
Continuando agora a lista dos top 60 filmes da década. Para referência:
40# 500 Dias Com Ela ((500) Days of Summer, 2009, Marc Webb)
“It’s official. I’m in love with Summer.”
Filme bastante elogiado, e também criticado ano passado. Eu provavelmente já assisti umas 5 vezes, e a cada vez que eu assisto ou penso sobre eu gosto mais dele. Tanto a história quanto a forma de apresentação dela são muito originais, mostrando que o novato Marc Webb tem um futuro muito promissor pela frente. Os dois protagonistas Joseph Gordon Levitt e Zooey Deschanel são grandes forças no filme, principalmente o primeiro, que para mim é um grande talento que está finalmente sendo melhor aproveitado em filmes maiores. Só o que eu tenho pra falar mais sobre esse filme é que não faz nem um ano que eu assisti, e ele já entrou na lista de filmes que tem um certo impacto em mim. Enfim, assistam.
39# Snatch – Porcos e Diamantes (Snatch, 2000, Guy Ritchie)
“You should never underestimate the predictability of stupidity.”
A obra-prima de um dos diretores mais subestimados da indústria. Sim, Guy Ritchie já fez muita coisa de qualidade duvidosa, mas é difícil não se divertir com filmes como Snatch, Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (Lock, Stock and Two Smoking Barrels, 1998) e Sherlock Holmes (2009). E Snatch, sem dúvida alguma é o melhor deles, juntando um elenco bem impressionante e um roteiro de diálogo rápido e inteligente. Destacando é claro Brad Pitt, que está impagável no filme, e está presente e é um grande responsável pelas partes mais engraçadas do filme. Poucos filmes conseguem me fazer rir como esse.
38# Procurando Nemo (Finding Nemo, 2003, Andrew Stanton e Lee Unkrich)
“If this is some kind of practical joke, it’s not funny, and I know funny. I’m a clownfish.”
A Pixar não é só o melhor estúdio de animação do mundo. A Pixar é o melhor estúdio de filmes do mundo, considerando animação ou não. Eles conseguem, ano após ano, lançar filmes quase livres de falhas. Procurando Nemo para mim é um desses filmes, que é muito divertido e verdadeiramente emocionante durante cada minuto, e cria diversas personagens extremamente relacionáveis e agradáveis de se ver, por quem você passa o filme inteiro realmente torcendo. As mensagens mais profundas típicas dos filmes deles estão presentes também, embora nunca como uma lição de moral barata para tentar comover o espectador de forma falsa.
37# V de Vingança (V for Vendetta, 2005, James McTeigue)
“Beneath this mask there is more than flesh. Beneath this mask there is an idea, Mr. Creedy, and ideas are bulletproof.”
Ok, eu tenho que admitir que se existe um filme nessa lista que está presente por identificação pessoal acho que esse seria V de Vingança. Eu fiquei tão extasiado quando o filme acabou com algumas das idéias apresentadas aqui que eu tive que colocar ele entre os meus filmes favoritos. Lógico que nunca machuca olhar para Natalie Portman durante 2 horas, até porque ela está sim trabalhando muito bem nesse filme. Além disso, você ver o comprometimento de uma atriz como ela com a história que ela está contando quando ela aceita realmente raspar o cabelo para uma cena do filme, é uma coisa muito admirável. Apesar é claro de ela ter ficado surpreendentemente bonita careca.
36# A Viagem de Chihiro (Sen to Chihiro no kamikakushi, 2001, Hayao Miyazaki)
“Once you do something, you never forget. Even if you can’t remember.”
Fora a Pixar, ninguém no mundo faz animações como o Studio Ghibli, mais especificamente Hayao Miyazaki, quem eu considero sem dúvida nenhuma um gênio. A habilidade que ele tem de criar mundos completamente novos e te emergir nesses mundos profundamente, te fazendo acreditar nas criaturas, objetos e costumes que você nunca viu na vida, é impressionante. E tudo isso está especialmente evidente em A Viagem de Chihiro, que em matéria de te puxar completamente para um mundo totalmente novo, pouquíssimas animações se comparam.
35# Uma Mente Brilhante (A Beautiful Mind, 2001, Ron Howard)
“Classes will dull your mind, destroy the potential for authentic creativity.”
Com certeza eu vou estar na minoria aqui falando bem desse filme, já que no público geral Ron Howard geralmente é mal visto, mas eu adoro esse filme. Talvez o fato de eu ser um fã de histórias envolvendo matemática tenha algo a ver com isso, mas eu acho sim o filme muito bem construído e muito bem acabado. Porém, apesar da história envolvente e uma progressão de idéias bem colocada, o que destaca mais esse filme é certamente as atuações de Russell Crowe e Jennifer Connelly. Principalmente do primeiro, que foi a responsável por colocar esse ator de uma vez no patamar de um dos melhores atores em hollywood trabalhando hoje, posição que ele guarda até hoje.
34# Batalha Real (Batoru rowaiaru, 2000, Kinji Fukasaku)
“So today’s lesson is, you kill each other off till there’s only one left. Nothing’s against the rules.”
Se você tiver interesse algum dia em começar a conhecer o cinema asiático de verdade, Batalha Real é um ótimo filme para se começar. Ele tem um ritmo muito intenso, personagens muito legais e é lógico, litros e litros de violência. O conceito que o filme cria, de vários estudantes serem jogados numa ilha e serem forçados a matarem uns aos outros até que sobre somente um, é muito interessante, e dá a oportunidade ao diretor de mostrar a natureza verdadeira das personagens, e seus instintos de sobrevivência. Curiosidade; para quem não sabe, esse é o filme preferido de Quentin Tarantino lançado nos últimos 20 anos. Informação importante para se ter uma noção.
33# Dançando no Escuro (Dancer in the Dark, 2000, Lars von Trier)
“In a musical, nothing dreadful ever happens.”
Lars von Trier faz muito tempo que é, dentre os diretores mais conhecidos e admirados hoje, um dos mais ousados com relação à criação de polêmicas e apresentação de assuntos delicados. Com Dançando no Escuro ele faz um musical sobre uma imigrante Tcheca nos EUA que trabalha em uma fábrica, mas tem um problema de saúde que está a fazendo ficar cega gradualmente. O filme consegue com facilidade quebrar o seu coração em vários pedaços várias vezes. Tem muitos momentos de grande depressão, outros de otimismo insensato, e outros vários de emoções verdadeiras. Quando artistas musicais tentam se aventurar pelo ramo do cinema é difícil ver resultados bons, mas Björk tem uma atuação surpreendentemente sensível durante o filme todo, e pode ser atribuída para ela muitas das suas qualidades.
32# O Escafandro e a Borboleta (Le scaphandre et le papillon, 2007, Julian Schnabel)
“I decided to stop pitying myself. Other than my eye, two things aren’t paralyzed, my imagination and my memory.”
O Escafandro e a Borboleta é aquele tipo de filme que te faz confiar em um diretor só tendo visto um único filme dele. Ninguém faz um filme tão bonito de se ver pela visão de um tetraplégico sem ter um grande talento. O filme é muito sensível e cheio de emoções verdadeiras, além lições de vida bem dadas e uma fotografia magistral. As cenas em que a câmera mostra de fato a visão de Jean-Do do mundo parecem a princípio que não vão conseguir te prender, mas eu prometo que você não desgruda os olhos da tela durante um minuto. Além de tudo isso tem o trabalho incrível de Mathieu Amalric que é muito convincente e admirável pelo realismo.
31# Abismo do Medo (The Descent, 2005, Neil Marshall)
“I’m an English teacher, not fucking Tomb Raider.”
E chegamos ao meu filme de terror preferido dos últimos 10 anos. Eu nem me importo que Neil Marshall não tenha feito nada próximo de bom no resto de sua carreira, esse filme é incrível. A tensão que ele cria até o começo da expedição das protagonistas pela caverna já é enorme, usando da escuridão e dos pequenos espaços para criar sentimentos claustrofóbicos. Tudo fica muito intenso depois, quando as coisas começam a dar terrivelmente errado de uma forma que você não pensaria. Críticos já chamaram esse filme de o melhor suspense/terror com uma mulher como protagonista desde Alien, e eu não acho isso nem um pouco exagero. Dica; assistam a versão britânica em vez da americana. O final é diferente e muito melhor.

Top 60: Os Melhores Filmes da Década (2000-2009)

11/08/2010
Continuando agora a lista dos top 60 filmes da década. Para referência:
30# Amnésia (Memento, 2000, Christopher Nolan)
“We all need mirrors to remind ourselves who we are. I’m no different.”
Já disse antigamente que eu considero Christopher Nolan provavelmente o diretor da década, e Amnésia foi o filme que começou a pavimentar esse caminho. Um filme que pode ser um pouco complicado de seguir a princípio por ser contado de trás para frente, mas tem um história muito criativa e envolvente, com um final inesperado característico dos filmes de Nolan. Esse modelo narrativo diferente pode as vezes ser considerado gratuito só para tornar o filme mais interessante, mas aqui ele é muito bem justificado pela história e faz sentido considerando o que o diretor quer contar. O subestimado Guy Pearce entrega uma grande performance, que criou uma personagem já icônica no cinema.
29# Gladiador (Gladiator, 2000, Ridley Scott)
“What we do in life echoes in eternity.”
Muita gente fala que Russell Crowe ganhou um Oscar injustamente por esse filme, sendo que deveria ter ganhado na verdade no ano seguinte por Uma Mente Brilhante. Eu não sei se eu concordo muito com isso, eu realmente acho que ele está fenomenal aqui, e poderia muito bem ter ganhado o prêmio pelos dois filmes. A intensidade e força que ele passa para o espectador o tempo todo é muito grande, e combinou muito bem com a personagem. Não pode-se deixar de falar também sobre esse ser o melhor trabalho de Ridley Scott em muito tempo, que para mim não vinha acertando muito até começar a nova década com essa grande obra. Sem esquecer também é claro de Joaquin Phoenix, que faz um grande vilão.
28# Oldboy (Oldboy, 2003, Chan-wook Park)
“Laugh and the world laughs with you. Weep and you weep alone.”
Oldboy foi o último filme dessa lista que eu vi, e eu posso dizer que tecnicamente é quase impecável. As cenas são todas muito bem produzidas, com uma atenção em detalhes incrível. As atuações dos protagonistas são surpreendentemente reais, considerando os rumos que a história toma. História essa que, como de costume para Chan-wook Park, é perturbada, criativa e cheia de violência. Mas só por isso não deixa de ser muito bem construída, envolvente e com viradas de roteiro que matariam qualquer M. Night Shyamalan de inveja.
27# O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford (The Assassination of Jesse James By The Coward Robert Ford, 2007, Andrew Dominik)
“You’re not so special, Mr. Ford. You’re just like any other tyro who’s prinked himself up for an escapade, hoping to be a gunslinger like them nickel books are about.”
Extremamente subestimado filme de Andrew Dominik, esse filme de nome comprido foi o segundo filme de seu diretor mas apresenta em todos os aspectos um trabalho de profissional. A fotografia é simplesmente brilhante, uma das melhores da década, com cada cena que tira o fôlego de qualquer um. O filme é bem longo, mas apresenta um ritmo muito bem conduzido, não deixando a tensão cair quase nunca. O grupo de atores que juntaram para fazer esse filme é sensacional, incluindo Brad Pitt, Casey Affleck, Sam Rockwell e Jeremy Renner, todos eles mostrando muito bem a que vieram. Ele pode parecer um pouco chato se você for esperando um filme de ação cheio de tiros e explosões, mas eu garanto que absolutamente vale a pena ser visto.
26# Amor Sem Escalas (Up In The Air, 2009, Jason Reitman)
“I’m like my mother, I stereotype. It’s faster.”
Foi com esse filme que para mim Jason Reitman entrou de vez no grupo de diretores mais competentes de hollywood hoje em dia. É impressionante como ele consegue fazer um filme misturando comédia e romance e o resultado não parecer nada como nenhuma das milhões de comédias românticas que saem por aí hoje em dia. Os filmes dele sempre parecem um sopro de ar fresco no meio de tanta coisa fabricada, mesmo ele tratando de assuntos tão mundanos. É o que acontece com Amor Sem Escalas, que tem um roteiro muito criativo, muito original, e que apesar das idéias gerais da história apresentarem aspectos comuns, os diálogos são muito eficientes e o roteiro da viradas até em certos momentos inesperadas. George Clooney está muito bem, mesmo interpretando praticamente ele mesmo, e Vera Farmiga está excelente, pra mim entregando a melhor performance do filme.
25# O Grande Truque (The Prestige, 2006, Christopher Nolan)
“Are you watching closely?”
Mais um do meu diretor preferido. Eu simplesmente adoro o gosto que Christopher Nolan tem por viradas de história, onde em certo momento do filme ele muda o entendimento do espectador sobre o filme para algo que ele não esperava. Ele fez isso em todos os seus filmes até hoje tirando os Batmans, e esse é um dos motivos porque eu gosto tanto do trabalho dele. Nesse filme ele conta uma história sobre dois mágicos amigos tentando ficar famosos, e um acidente os separa e os torna rivais. O filme conta muito bem o caminho desses dois mágicos, interpretados por Christian Bale e Hugh Jackman, enquant0 um tenta sempre estar um passo a frente do outro. Toda a história é muito bem conduzida e o final é arrasador.
24# Encontros e Desencontros (Lost in Translation, 2003, Sofia Coppola)
“I tried taking pictures, but they were so mediocre. I guess every girl goes through a photography phase. You know, horses… taking pictures of your feet.”
Sofia Coppola tentou começar uma carreira de atriz em 1990 em O Poderoso Chefão parte III, mas isso não deu muito certo. Ainda bem que ela decidiu seguir o ofício de seu pai como diretora, que é como ela tem mostrado grande talento filme após filme. Encontros e Desencontros é um filme de história e temática simples, sem grandes reviravoltas, mas ao mesmo tempo muito profundo. A curta amizade criada por essas duas pessoas que tem que passar esse tempo em um lugar totalmente estranho, com língua e costumes diferentes, é o principal foco da história, e as suas características em si já trazem muita discussão para a mesa. O filme é sensível, sutil, e faz um grande trabalho em aproximar o espectador das personagens. Talvez o melhor trabalho que Bill Murray já apresentou em um filme essencialmente de drama, apesar de ter puxadas de comédia em momentos.
23# Ratatouille (Ratatouille, 2007, Brad Bird e Jan Pinkava)
“Change is nature, Dad. The part that we can influence. And it starts when we decide.”
Mais um da Pixar, e eu prometo que não vai parar por aqui. Eu não cheguei a assistir Ratatouille na época em que ele foi lançado, mas certo dia eu vi que ia passar na HBO, e decidi assistir. Na hora que ele terminou, eu estava me sentindo tão nostálgico e tão bem com o que eu tinha acabado de ver, que eu esperei algumas horas para assistir novamente na HBO2. O diálogo do filme em momentos é sensacional, e novamente esse estúdio consegue criar conexões reais com as personagens e sentimentos reais com relação as situações. Provavelmente o melhor filme relacionado a culinária que eu já assisti.
22# Cidade dos Sonhos (Mulholland Drive, 2001, David Lynch)
“It’ll be just like in the movies. Pretending to be somebody else.”
Eu tenho que admitir que eu não sou um dos maiores fãs de David Lynch que existem por aí. Nada de muito errado, só o estilo dele não me agrada tanto. Porém, seria impossível não citar Cidade dos Sonhos numa lista como essa. É o tipo de filme que é impossível você entender tudo que ele quis dizer assistindo uma única vez, e mesmo vendo seguidas vezes você ainda terá muito para pensar e para conversar sobre durante dias e dias. Alguns dizem que Naomi Watts hoje é uma estrela por causa desse filme, e é com muita boa razão.
21# Apenas Uma Vez (Once, 2006, John Carney)
“What’s the Czech for “Do you love him”?”
As vezes eu fico um pouco impressionado como filmes tão simples conseguem ser tão eficientes e tão profundos. Apenas Uma Vez é um pequeno e independente filme irlandês sobre o relacionamento de duas pessoas que se conhecem por suas relações com a música, e acabam se ajudando com seus problemas. Eu não sei se é porque eu sou facilmente influenciável quando uma música é bem colocada em um filme por ser um fã tão incondicional de música em geral ou algo do tipo, mas existem vários momentos nesse filme extremamente emocionais. As músicas cantadas são todas muitos boas e muito apropriadas para o estilo do filme, as atuações são muito realistas e a forma como a história progride eu achei que foi muito natural e agradável. Completamente obrigatório para qualquer um que goste de cinema e música.

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